Desde 2018 o Núcleo de Educação de Urgência (Neu) do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) de Caxias do Sul tem a missão de ensinar noções de primeiros socorros a profissionais da educação, tanto da rede pública quanto privada. A obrigatoriedade do conhecimento se dá pela Lei Federal 13.722, mais conhecida como Lei Lucas, de outubro de 2018, mas para além de cumprir uma obrigação legal, a capacitação traz segurança para quem atua com crianças e adolescentes.
A diretora-financeira da Secretaria Municipal da Educação (Smed), Marcia Carvalho, explica que as capacitações são anuais e realizadas em conjunto com o Neu/Samu, abordando condutas de primeiros socorros em diversas situações, como convulsão, obstrução de via aérea por corpo estranho, engasgo, queimaduras, afogamento, dentre outras.
— Cada escola, por meio da equipe diretiva e da coordenação, faz o controle e indica quem não fez ainda. Isso porque há troca de profissionais em cada escola e para que todos das escolas tenham formação e sejam multiplicadores dentro da instituição — explica Marcia.
Com a pandemia de covid-19, em 2020, houve uma pausa nas atividades, mas os trabalhos foram retomados em 2021, quando foram capacitadas 85 educadoras em cinco cursos. Neste ano, já foram realizados três cursos, com capacitação de 70 profissionais, o que representa 82% do público de todo ano passado. As ações ocorreram em maio para as escolas de Ensino Fundamental e, em junho, para a Educação Infantil. Todos eles se tornam multiplicadores nas instituições em que atuam. Com o fim do recesso escolar, a capacitação retorna em setembro para as escolas da rede municipal de ensino que ainda não tiveram.
A diretora-geral do Samu, Carolina Cunha Lima, comenta que cada curso anual busca unir 20% do quadro da escola. Além dos profissionais da educação, a capacitação também é realizada para toda a rede de saúde e para servidores municipais.
— O mais importante de tudo é saber identificar o tipo de agravo e o que fazer quando acontece. Sabendo o que fazer, eles vão acionar o Samu e podemos agir por duas formas: através de orientações por telefone e, se for urgente, é mandada a ambulância até o local. Ensinamos a identificar essas intercorrências e saber prestar o primeiro atendimento. Sem entrar em pânico. Quando a gente sabe o que fazer, a gente não entra em pânico — afirma Carolina.
Ela complementa que questões psicológicas, como surtos psicóticos e crises de ansiedade, também são abordadas, visto que a incidência dessas ocorrências em crianças e adolescentes está cada vez mais presente.
— Até 2015, tinha o projeto 'Samuzinho', direcionado para as crianças (um projeto do Ministério da Saúde), mas ele acabou sendo extinto pelo excesso de demanda do Neu. Mas estamos buscando retomar o projeto — acrescenta a diretora-geral.
Despreparo e nervosismo são inimigos na hora H
Assim como Carolina defende que o pânico atrapalha em situações de emergência, a coordenadora de uma escola de Educação Infantil, Michele Waschow, acredita que o despreparo e o nervosismo dificultam na hora da ação.
— Tu saber como agir em um primeiro momento deixa a educadora, sim, mais segura na sala de aula. Eu não tenho nenhum conhecimento na área de primeiros socorros. Então, fiz o curso para conhecimento, (já que) lido com crianças pequenas — diz Michele.
A coordenadora também destaca que cada curso feito — o realizado em maio foi o segundo dela —, é um momento de troca de experiências e de dúvidas até mesmo em situações mais comuns, como febre alta e convulsão.
— Eu acredito que são muito importantes esses cursos e que a gente (profissionais da educação) faça — ressalta.