Principal causa de morte entre zero e 19 anos no Brasil, o câncer infanto-juvenil ganhou uma campanha neste mês para chamar atenção para a importância da prevenção e diagnóstico precoce. Iniciativa da Confederação Nacional de Instituições de Apoio e Assistência à Criança e ao Adolescente com Câncer (CONIACC), foi idealizada pela agência Love Comunicação, de Caxias do Sul, e utiliza personagens do imaginário infantil para mostrar a realidade da doença: tem girafa motorista, elefante cor-de-rosa e zebra voadora que passeiam por cenários urbanos para romper o preconceito e a negação existentes em torno do câncer infanto-juvenil.
— A comunidade tem que desmistificar, tem que conversar, tem que trabalhar na família, na igrejas, nas suas comunidades. A gente tem que parar com esse negócio de "não posso falar em câncer". Tem que falar, é uma coisa real, nos atinge. Imagina uma criança de três meses com câncer nos olhos. Imagina uma criança que nasce e faz vários testes e o do olho vermelho não é feito. Não podemos aceitar que uma criança tenha a vida ceifada por um câncer que é curável — enfatizou o vice-presidente da Coniacc, Rocco Donadio, durante entrevista ao Gaúcha Hoje da Gaúcha Serra desta quinta-feira (7).
Também presidente da Domus Serra Gaúcha, entidade de amparo à crianças e adolescentes com câncer, Donadio alerta para sinais que podem indicar a doença: falta de atenção e dores devem ser encarados com seriedade e motivar pais e mães a procurar ajuda. A Domus atende a 35 famílias com crianças em tratamento no Hospital Geral ou em casa.
— Não quero alarmar, mas quando a gente percebe que uma criança está desatenta, não consegue fazer os temas que a professora passa, no recreio cai com frequência, está sempre aérea, isso é um problema. Quando ela se queixa de dor de cabeça com frequência tem que desconfiar e levar para o médico e insistir para que faça os exames. Quando tem caroços pelo corpo, manchas vermelhas e roxas pelo corpo e dor nos ossos também. Tem uma coisa importante, a dor do crescimento. Está espichando e começa a ter dor. Vai para o médico e o diagnóstico é dor no crescimento. Atenção, pode ser um problema mais grave. Tem que ser investigado — acrescenta.
Ouça a entrevista:
A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima o surgimento de cerca de 403 mil novos casos de câncer em crianças e adolescentes anualmente. A cada três minutos uma criança morre vitimada pela doença. No Brasil, o Instituto Nacional de Câncer contabilizou 12,5 mil novos casos por ano, somente entre 2018-2019. De acordo com estimativas, em torno de 3,8 mil crianças por ano não conseguem sequer chegar ao tratamento.