Novamente, um veículo perdeu o controle e despencou da ponte entre Guaporé e Anta Gorda. No acidente da tarde desta quarta-feira (15), felizmente, o motorista não se feriu. A estrutura, porém, é um problema há mais de três décadas. Os moradores da Linha Olaria até criaram um grupo em uma rede social para dividir informações sobre a ponte que costuma ficar submersa a cada chuva mais intensa.
Conforme o levantamento feito pela vizinhança, este foi o 11º veículo a cair da ponte sobre o Rio Guaporé apenas nos últimos três anos.
— É uma ponte bem baixa, por isso não tivemos casos de ferimentos no acidente. Mas já teve carros que foram levados pelas águas para lá perto da usina. Esta ponte é um risco frequente de acidentes — conta Claudete Andrade, uma das moradoras mobilizadas pela construção de uma nova estrutura.
Apesar de pequena, esta ponte é a principal ligação entre Guaporé e Anta Gorda, distantes 25 quilômetros um município do outro via RS-441, em trecho de chão batido da rodovia. Por ali, passam caminhões com suínos, produção de verduras e leite e até linhas de ônibus. Quando a estrutura está bloqueada, a opção é via RS-129, passando por Encantado e a RS-332, o que aumenta o deslocamento em cerca de 70 quilômetros.
— Pela ponte, leva uns 20 minutos para chegar em Guaporé. Quando precisa dar a volta, dá mais de duas horas de viagem. E este é um problema de 32 anos, quanto há outra ponte, que era maior, caiu por problemas de estrutura — lembra Claudete.
No grupo de conversa, há 120 moradores que trocam informações. Eles controlam a previsão do tempo e o nível do Rio Guaporé. Quando a ponte fica submersa, todos são avisados para não perder a viagem. Também é desta forma que a vizinhança fica sabendo sobre os acidentes na estrutura, como o que aconteceu na quarta-feira (15).
— Era um morador do centro de Guaporé. Felizmente, ele conseguiu sair do carro sem ferimentos. Um familiar publicou nas redes sociais que ele estava bem. O acidente foi pouco depois das 16h30min e a caminhonete ficou lá até umas 22h, até conseguirem acionar o seguro e o guincho chegar — detalha a moradora da Linha Olaria, na margem do rio que leva a Anta Gorda.
Além de estreita e baixa a ponto de inundar, os moradores denunciam outros dois problemas da estrutura: não há proteções laterais e a sinalização é pouca, além de ficar a maior parte do tempo coberta pelo mato. No ano passado, um edital de licitação foi aberto para contratar uma empresa para fazer o projeto de uma nova ponte. De acordo com os moradores, o investimento necessário foi calculado em R$ 5 milhões. Não há previsão do Governo do Estado liberar esta verba.
Em outubro de 2018, uma reportagem sobre a ponte foi veiculada no Jornal Nacional na série O Brasil Que eu Quero e, depois, em 24 de outubro do mesmo ano no Globo Repórter depois do contato dela.
Naquele mesmo ano, foi elaborado um pré-projeto para uma nova estrutura. Com o documento em mãos, os prefeitos das cidades buscaram recursos na bancada gaúcha na Câmara dos Deputados. Na época foi realizada uma audiência pública, mas a demanda não foi considerada prioritária e, portanto, não houve repasse.