O mês de março marca o fechamento de 87 leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) que eram voltadas para pacientes com covid-19 na região da Serra. A movimentação ocorre após o encerramento do repasse de recursos por parte do Ministério da Saúde para esta finalidade. Segundo dados da 5ª Coordenadoria Regional da Saúde (5ª CRS), ainda que tenha ocorrido o fechamento de muitas unidades, alguns hospitais conseguiram habilitar leitos para que continuassem operando, o que garantiu um acréscimo de 28 leitos à região em relação ao início da pandemia — a Serra conta hoje com 100 leitos de UTI, sendo que tinha 72 até março de 2020.
Em Caxias do Sul, dos 58 novos leitos abertos nos últimos dois anos, 16 foram habilitados agora para continuarem operando, sendo 10 no Hospital Geral e seis no Virvi Ramos. Segundo a secretária municipal da Saúde, Daniele Meneguzzi, estes somam-se aos 34 leitos SUS que a cidade já dispunha antes da pandemia.
—Esse acréscimo de 16 leitos é importantíssimo para nós, porque vem suprir um déficit histórico na área. Na nossa avaliação, em períodos mais críticos há necessidade de mais leitos de UTI, estes talvez não sejam ainda suficientes. E agora os pacientes da covid-19 são atendidos dentro das estruturas existentes, mantendo-se todos os cuidados de isolamento e prevenção, mas não há mais necessidade de estarem em UTIs específicas, até porque não tem mais financiamento para isso — afirma Daniele.
Além de Caxias do Sul, outros dois municípios da Serra habilitaram leitos: em Garibaldi, no Hospital Beneficente São Pedro, de 18 leitos exclusivos para atendimento de covid-19, nove seguem abertos agora como UTI geral; e no Hospital São Carlos, de Farroupilha, 10 leitos abertos exclusivamente para atendimento de covid-19 foram habilitados para receber pacientes com outras doenças e seguirão funcionando normalmente.
"A pandemia ainda não terminou", diz diretora-executiva do Virvi
Nesta quarta-feira (16), a UTI SUS do Hospital Virvi Ramos contabilizava 10 pacientes internados, sendo a metade com suspeita ou confirmação de covid-19. O hospital caxiense teve 13 leitos implementados durante a pandemia, sendo que sete deverão ser fechados. A manutenção dos seis restantes, garantida com a habilitação pelo Ministério da Saúde, ainda é negociada, no entanto, uma vez que, segundo a diretora-executiva Cleciane Doncatto Simsen, os recursos federais são insuficientes e há necessidade de complementação por parte do município. Até o momento, o hospital ainda dispõe de um total de 17 leitos para atendimento SUS e ficará somente com 10.
— Como somos referência para atendimentos covid por conta do hospital de campanha, ainda temos um certo volume de pacientes. Felizmente é um volume menor do que já tivemos, mas seguimos com pacientes. Essa manutenção é boa para o município e para o hospital também. Certamente vai favorecer que pacientes não fiquem mais aguardando. São leitos que não existiam antes da pandemia, mas ainda estamos em março, o frio está recém começando e a pandemia ainda não terminou — avalia Cleciane.