Uma das atrações mais aguardadas pela comunidade e que mexem com a memória dos caxienses, os desfiles da 33ª Festa da Uva buscarão neste ano levar novidades para o público que assistir as apresentações previstas na Rua Sinimbu a partir de 18 de fevereiro. Os dez carros alegóricos que farão parte dos seis desfiles previstos para esta edição estão sendo finalizados em um galpão no Complexo da Maesa, em Caxias do Sul, onde começam a ganhar cores, detalhes, formatos e muita luz.
Os carros foram desenhados e concebidos pela arquiteta e cenógrafa Roberta Tiburi. Para deixar tudo pronto, quatro equipes de construtores de alegorias e cerca de 100 profissionais estão envolvidos na construção dos carros — desde a concepção no projeto aos trabalhos atuais de soldagem, montagem e finalização.
O desfile será dividido em três partes: "Quem somos", "O que fazemos" e "Momento atual". Os detalhes e a decoração dos veículos começaram a ser produzidos em novembro por profissionais autônomos, em seus ateliês ou casas, e agora começam a chegar na Maesa para serem fixados nos carros.
É o caso das pérolas, feitas em isopor, lixadas e pintadas individualmente com quatro diferentes tons de roxo, que farão parte do conceito do carro da rainha Pricila Zanol e das princesas Bianca Fabro Ott e Bruna Malmann, que mais uma vez encerrará o desfile. O carro das soberanas, sempre o mais aguardado, será mais alto que os demais e possui chassi próprio — o único que não será carregado por tratores. Além das pérolas, o veículo será acompanhado na parte traseira de uma grande réplica que imitará a coroa usada pela atual rainha, idealizada pelo artista plástico Valdir dos Santos. O adereço ainda não foi montado, mas deve ficar pronto até o final desta semana, quando as soberanas verão o carro pela primeira vez.
Outro carro que chama a atenção é o que levará rainhas de edições anteriores da Festa da Uva, uma novidade nos desfiles deste ano. As ex-soberanas ficarão posicionadas em pedestais decorados com macramê e crochê, técnicas artesanais confeccionadas por artesãs de Caxias. O conceito é que as ex-rainhas são os fios condutores da história da festa, que completa nove décadas. Elas desfilarão sem coroa, faixa e com um traje especial feito em linho e tons naturais, que está sendo confeccionado por Cristiane Lisot e pelo estilista caxiense Rico Bracco. É dele a assinatura do traje da princesa Bruna feito para o concurso de escolha do trio no ano passado.
— O carro e o figurino especial valorizam elas pela representatividade que tiveram com a Festa da Uva. A participação das rainhas de edições anteriores será como integrantes da história da festa e não somente na figura de soberana. Por isso, elas não usam os tradicionais adereços de uma rainha porque hoje nós temos um trio de soberanas — justifica a secretária municipal da Cultura e diretora dos desfiles da Festa da Uva, Aline Zili.
Outra forma de valorização da participação da comunidade é que as embaixatrizes do evento abrirão o desfile neste ano. Elas estarão a bordo de um carro que celebrará as diferentes culturas produzidas em Caxias do Sul além da uva, como o pêssego, a maçã, o caqui, a ameixa, o morango, entre outros. Essa decoração com as frutas também foi pintada a mão, um a um, por artesãs.
Assim como nos demais veículos, mas ainda mais presente nos três que carregam soberanas e embaixatrizes, a iluminação em LED chama a atenção mesmo à luz do dia. O investimento busca deixá-los ainda mais bonitos para as apresentações noturnas no Centro.
— A iluminação é o diferencial dos carros desse ano. Focamos desde o início em trabalhar com luz cênica no próprio carro e que vai compor com a cenografia de todo o desfile. A base dessa iluminação será em LED e cada carro contará com geradores próprios para ter mais autonomia — explica a secretária.
Religiosidade e grafeno aparecerão nos desfiles
Além dos carros com soberanas e embaixatrizes, os desfiles terão alegorias que homenagearão os diferentes serviços produzidos na economia de Caxias, como o Laparina e Grafeno, que homenageia a economia da cidade, especialmente o momento atual de inovação com a produção de grafeno.
A religiosidade, tão forte na cultura da Serra, também será representada em um carro alegórico, que ganhou bancos de igreja, capelinhas e a figura de Nossa Senhora de Caravaggio. Uma outra alegoria, que retratará a pandemia, terá mãos feitas em cipó, que é bastante utilizado em decorações natalinas. Um outro carro reunirá bailarinos com apresentações ao longo da Sinimbu.
Um dos desafios que se repete neste ano, segundo a secretária, é que os carros precisarão ser desmontados parcialmente para saírem da Maesa e acessarem a Rua Plácido de Castro antes de serem transportados para o desfile na Rua Sinimbu. Essa dinâmica ocorrerá sempre que houver desfile, tanto na saída como na chegada ao complexo da Maesa.
—A Maesa é a grande fábrica dos carros do desfile, mas também nos traz limitações. Para tirar o carro das embaixatrizes, por exemplo, toda a decoração e a iluminação das laterais terão que sair para poder passar nas portas. Muitos deles (carros) serão finalizados na rua, antes do desfile, para que estejam completos na Sinimbu — explica.
Aline experimentará uma nova experiência neste ano. Ela está envolvida com os desfiles desde 2006, seja atuando como figurante ou na organização. Agora, depois de coordenar o enredo e os trabalhos para as apresentações desse ano, ela se prepara para assistir ao desfile das arquibancadas da Sinimbu. Nesta experiência, comemora a retomada do evento e também por permitir a contratação de profissionais afetados pela pandemia.
— É emocionante recordar e perceber que uma figurante hoje está aqui coordenando o desfile. Eu e a equipe, que também conhece a Festa da Uva há muito tempo, estamos muito ansiosos para ver esses carros e todas as apresentações na rua — conta.
Os desfiles terão também música ao vivo com 50 grupos artísticos e mais de 50 músicos e cantores. A estimativa é que o investimento no desfile seja de R$ 1,5 milhão, mas a secretária Aline afirma que os números ainda não foram contabilizados.
"Esse ano precisa ser maravilhoso", diz responsável pela produção de carros de rainhas
Os carros das atuais soberanas, ex-rainhas e embaixatrizes ganham forma sob a coordenação da artista plástica Ana Chiaradia.
A ligação dela com a Festa da Uva é antiga e vem de família: desde os 12 anos, Ana trabalha na confecção dos carros alegóricos e mantém viva a tradição da família que iniciou com a mãe Lorena e ganhou a companhia dos cinco irmãos. Sua última Festa da Uva como integrante da equipe foi em 2010, quando os desfiles eram diurnos e noturnos. Agora, retorna ao evento como a responsável pelos carros mais aguardados pela comunidade.
— Não são apenas os carros mais esperados do desfile, mas também os mais bonitos (risos). Acaba sendo que são os carros com mais detalhes, com muito artesanato, que não se vê muito nos demais. O que não significa que eles são menos bonitos ou menos trabalhosos.
Para essa edição, a iluminação presente nos carros trouxe um desafio a mais para a equipe de montagem. Além disso, Ana precisou adaptar o projeto com a realidade.
— O carro das soberanas, por exemplo, foi pensado com uma plataforma de 1 metro. Mas teve que ser de 1,55m por causa do chassi embaixo. Estamos adaptando. Esse ano precisa ser maravilhoso. O que tem de iluminação nos carros é muito grande. Não adianta fazer um carro lindo e não ser visto. Tem dado mais trabalho, mas é muito gratificante — destaca.
Programe-se:
:: Serão seis desfiles, nos dias 18, 20, 23 e 26 de fevereiro e nos dias 1° e 5 de março, sempre às 20h
:: O percurso será na Rua Sinimbu, em um trajeto que começa na Rua Alfredo Chaves e se encerra na Rua Doutor Montaury.
:: Uma arquibancada com capacidade para 1,2 mil pessoas foi instalada na Praça Dante Alighieri com ingressos a R$ 40 (R$ 20 meia). Os ingressos podem ser adquiridos no site do evento.
:: Duração: 1h30min
:: Em caso de chuva: cancelado