Os atendimentos para sintomas respiratórios triplicaram nas maiores cidades da Serra, o que levou Caxias do Sul e Farroupilha a realizarem mutirões de testes para covid-19. Os resultados mostraram que um cada cinco um paciente está infectado com coronavírus. Sobre os outros sintomáticos, a explicação poder ser o ressurgimento do vírus Influenza, mesmo em um período fora da sua sazonalidade. Os hospitais já esperavam por esse aumento das síndromes gripais. Ainda assim, alguns efeitos são notórios. Como a diminuição dos estoques nas farmácias de Tamiflu, um dos medicamentos mais populares para tratamento de gripe.
A rede de Farmácias São João confirma que houve um aumento significativo na procura deste tipo de medicamento, principalmente na semana passada, o que causou uma ruptura nas distribuidoras (indústria farmacêutica). Desta forma, casos pontuais de falta de Tamiflu podem acontecer em algumas lojas de Caxias do Sul nesta segunda-feira (10). Segundo as Farmácias São João, a indústria farmacêutica respondeu que o abastecimento deve ser estabilizado nos próximos dias.
Nos hospitais, há uma restrição de prescrição e uso do Tamiflu justamente por ele não ser encontrado de forma fácil nas farmácias. Pelo SUS, o medicamento continua sendo prescrito para pacientes que estão hospitalizados ou para aqueles que possuem comorbidades que podem causar um agravamento do caso.
O medicamento Oseltamivir, comercializado sob a marca Tamiflu, é indicado para tratamento de Influenza A e Influenza B, mas não é indicado contra covid-19.
Vírus Influenza não é testado, o que dificulta acompanhamento
O vírus Influenza não possui uma testagem em massa, como é feito com o coronavírus. Por isso, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Caxias do Sul ainda não divulgou dados sobre o avanço da gripe. A vigilância é feita com os mesmos padrões de 2009, com notificação de casos de síndrome respiratória aguda grave (SRAG) e síndrome gripal de unidade sentinela, que em Caxias do Sul é a UPA Zona Norte. Desse monitoramento, foram identificados três casos positivos para Influenza H3N2.
Na Upa Zona Norte, o atendimento de consultas para sintomas respiratórios triplicou na última semana e, segundo o Controle de Infecção, continua aumentando diariamente.
— O médico faz o primeiro atendimento e, quando necessário, solicita o teste da covid-19. Dos pacientes testados, de 20% a 30% dá positivo. A implantação do teste para Influenza é um assunto em estudo ainda. Chegou a ser cogitado, mas não há nada para falar no momento. Por enquanto, é o médico quem faz um diagnóstico individual, com base nos sintomas e histórico. É puramente conduta médica — aponta Verinha Tibola, responsável pelo Controle de Infecção na UPA Zona Norte.
Referência para outras unidades de saúde, o Hospital Geral (HG) confirma que houve aumento da procura de pacientes com síndromes gripais e, consequentemente, uma necessidade maior de leitos. Em dezembro, o Pronto-Atendimento realizou 40 atendimentos de covid-19. Nestes primeiros 10 dias de 2022, já foram 33 casos.
— Situações novas, como este ressurgimento da Influenza mesmo em período fora da sazonalidade, fazem os hospitais traçarem planos de contingência para organizar a forma e os fluxos de atendimento e isolamentos. Em dezembro, nos organizamos com a perspectiva de viver estas duas doenças virais concomitantes (covid-19 e gripe). Não temos um número (de casos de Influenza), pois dependemos da SMS divulgar os dados que vem a partir das notificações que são feitas por síndrome gripal. Só então, teremos uma ideia da situação no município. O que sentimos é que tem uma procura mais por pessoas com estes sintomas — aponta a infectologista do HG Viviane Buffon.