A placa de aluga-se no Clube Juvenil na área central de Caxias do Sul chama atenção de quem passa pelas esquinas da Avenida Júlio de Castilhos com a Rua Marquês do Herval. O assunto gerou polêmica e questionamentos nas redes sociais já que o prédio é tombado pelo patrimônio histórico da cidade.
O vice-presidente social do Clube, Guilherme Fedrizzi, explica que o local está há dois anos fechado, praticamente, sem receita. Ainda segundo ele, como o clube está sem funcionar já foi invadido por assaltantes diversas vezes e foi necessário colocar alarmes e grades para evitar furtos. Ele destaca também que tentaram buscar parcerias para utilizar o espaço, mas não tiveram sucesso.
— É uma estrutura muito grande que gera despesa. Procuramos o poder público e entidades para tentar fazer uma parceria, tentar transformar num espaço cultural de Caxias. Tivemos uma reunião com a prefeitura e não tivemos apoio de nenhuma entidade. É um prédio que só gera despesas. Um clube só se mantém tendo caixa, com uma situação sustentável e nós não temos. Por isso, optamos para colocar para alugar.
Antes da decisão foram realizadas reuniões com o mercado imobiliário até mesmo para chegar a um valor de locação do prédio. No entanto, ele prefere não divulgar esse valor no momento. No site da Imobiliária Bassanessi, onde o imóvel está sendo ofertado, o valor também não está disponível.
— A locação foi aprovada pelo nosso conselho deliberativo. É um prédio com uma bela metragem numa das melhores áreas de Caxias. Nós não vamos alugar para qualquer empreendimento, será avaliado, porque zelamos muito pelo nosso patrimônio. Vamos ter o cuidado de, quando locarmos, alugar para um parceiro que vai tomar conta do prédio e colocar uma atividade que não prejudique nossa imagem.
A estrutura foi tombada em dezembro de 2007. De acordo com a arquiteta e coordenadora da Divisão de Proteção ao Patrimônio Histórico e Cultural (Dippahc), Rosana Guarese, o prédio do Clube Juvenil pode ser alugado. Ela explica que qualquer reforma de edificações deve passar por aprovação do município antes da execução.
— Em prédio tombado, essa reforma passa também pela avaliação da Dippahc e pelo Compahc — acrescenta.
O presidente do Conselho de Patrimônio Histórico e Cultural (Compahc), Anthony Beux Tessari, lembra que outros prédios tombados em Caxias estão alugados. Ele cita dois exemplos: Palacete Eberle, que abriga um restaurante, e a Cantina Pão e Vinho, com um bar.
Clube tem hoje 1,2 mil associados
Durante a pandemia, o Clube Juvenil perdeu associados devido ao cenário econômico. Hoje há 1,2 mil sócios. O foco é na sede campestre, que tem dado retorno financeiro, segundo Guilherme Fedrizzi.
— Perdemos alguns sócios, que deixaram de pagar devido a situação financeira e temos sócios muitos antigos, jubilados, que não pagam mais porque tem mais de 40 anos de contribuição. A sede campestre tem trazido sócios, fizemos melhorias lá e estamos centrando nossos investimento porque é o que nos dá retorno, e traz bem-estar aos sócios.
Tentativa anterior de aluguel foi barrada pelo Compahc
O Clube Juvenil foi fundado em 19 de junho de 1905, mas a sede atual foi inaugurada em 8 de setembro de 1928, depois que um incêndio destruiu a anterior, na Rua Os Dezoito do Forte. O prédio foi projetado pelo arquiteto italiano Silvio Toigo, um dos profissionais de maior expressão da primeira metade do século 20 na Serra.
Em 2007, o processo de tombamento da sede social do Clube Juvenil foi iniciado bem no meio de uma negociação entre a direção do clube e as Lojas Renner. As mudanças que estavam sendo estudadas para a locação não tiveram aprovação do Conselho Municipal do Patrimônio Histórico e Cultural ( Compahc). Isso porque, o processo de tombamento impede qualquer mudança interna ou externa da edificação sem aprovação prévia do Compahc. Como a loja pretendia redividir totalmente o prédio, a locação não foi autorizada.