O clima agradável desta terça-feira (2), Dia de Finados, foi de movimento intenso durante a manhã nos cemitérios de Caxias do Sul. No maior cemitério de Caxias, que fica no bairro Marechal Floriano, às 11h, muitas pessoas aproveitaram o horário da missa para orar pelos entes queridos. Para Ana Bampi, 64 anos, as orações são essenciais nesse dia:
— Venho visitar meus pais, avós, filha, meu ex-marido e sogros que já partiram, mas não basta só visitar. Temos que orar porque acreditamos na vida eterna.
Para quem perdeu familiares recentemente, a data ainda é muito triste. Mas há também aqueles que encontram beleza nos túmulos repletos de histórias:
— Existem obras de arte maravilhosas aqui, de 1880, preservadas e com uma beleza diferente. Tem um anjo lá em cima de um túmulo que foi feito com tanto carinho que me pego pensando no quanto essa pessoa foi importante para a família — afirma Regina Bedin Lovatel.
De acordo com a Guarda Municipal, cerca de quatro mil pessoas passaram pelo Cemitério Municipal durante a manhã. Haverá missas às 15h e às 17h.
Movimento intenso também em Lourdes e no cemitério Parque
No cemitério de Lourdes, pouco antes das 10h, o movimento das famílias que aproveitaram para visitar os túmulos e participar da missa também era intenso. A administradora Márcia Santini, 43, foi ao cemitério com a mãe Edite Maria Perini, 73, e a irmã Carla Santini Troin, 39. Elas foram visitar o túmulo da Família Perini e Santini, onde o pai de Márcia e Carla, esposo de Edite, Remo, está sepultado há 11 anos.
— Sinto saudades e gratidão por ter convivido com ele — afirmou Carla.
A irmã lembrou que o pai fazia questão de frequentar a missa (em Lourdes, nesta terça, a missa durante a tarde será às 15h):
— Ele gostava e estamos aqui para lembrar dele.
Até as 9h20min, mais de 3 mil pessoas já haviam passado pelo Cemitério Parque, segundo a administradora Ana Gabriela Eberle da Silva.
— Teve movimento a semana toda, mas hoje (terça) está mais intenso. Muitos vieram para a missa das 10h. E deve ter mais movimento nas missas das 15h e 17h. Temos seis mil pessoas sepultadas aqui, então a estimativa é receber mais de 10 mil pessoas até o final da tarde — afirma.
No gramado, onde está enterrado quem já partiu, familiares aproveitaram a manhã para orar, em silêncio ou apenas conversando baixinho. O casal Neuza Dallanhol Steinmetz, 55, e Éloi Steinmetz, 54, costuma ir durante o ano ao cemitério. Neste sábado, ela arrumava carinhosamente as flores na sepultura onde estão o filho deles, Marcelo, que morreu aos 11 anos, e o afilhado Mateus Zanchettini, que partiu aos seis anos. Ela conta que uma das maneiras que encontrou de superar a dor foi se dedicando ao voluntariado.
— Venho no cemitério quando tenho vontade. Hoje consigo conversar com o meu filho mais tranquilamente. Estava vindo para cá e pensando que hoje é o dia de prestar homenagens. No início era muito mais complicado — conta emocionada.
Para Janete Feiten Jardim, 47, o dia ainda é de muita saudade. Ela estava com o esposo Luiz Antônio Alves Jardim, 50, deixando flores no túmulo dos pais dela na manhã desta terça no Cemitério Parque: Aloiso Afonso Feiten, que morreu em 1976, quando ela tinha dois anos, e da mãe, Eva Antônia Minussi Feiten, que partiu em 2015:
— Venho todos os anos no aniversário dela e em Finados. É muito triste ainda, uma dor que não tem explicação.
Alaide Soares, 81, estava sentada em um banco contemplando o gramado no final da manhã desta terça. Na sepultura que ela visitou estão o esposo dela, Aristides Machado Pereira, que morreu há 16 anos, a mãe Eva Maria da Silva, que partiu há 23 anos, e os filhos Moacir e José. Ao falar dos dois filhos que perdeu, a idosa não segurou as lágrimas:
— Estava agradecendo a Deus por poder vir mais um ano. É muito difícil ainda e uma dor que não passa. Quem perde um filho é como se tivesse um pedaço de si arrancando do corpo.
Compra de flores também aumenta
A venda de flores também ganha destaque durante o Dia de Finados. A artesã Marli Cordeiro comercializa arranjos na data há nove anos:
— Estamos vendendo bem, especialmente os arranjos feitos a mão. O pessoal gosta e valoriza porque é um material bonito e produzido com material reciclado.