O futuro da Igreja Católica, mais especificamente em sua forma de atuação junto a fiéis do mundo inteiro, será marcado pelos resultados de um processo que inicia de forma local. O Sínodo 2021-2023 foi convocado pelo Papa Francisco e é considerado a maior atividade realizada pela instituição desde o o Concílio Vaticano II, que ocorreu no início da década de 1960, e promoveu transformações na forma de atuação da Igreja.
Pela primeira vez, o processo sinodal será realizado de forma ampla, com espaços de reflexão e debate abertos a toda a comunidade católica a partir de atividades que começam em cada diocese. Na Diocese de Caxias do Sul, que engloba 73 paróquias e quase mil comunidades, o Sínodo será aberto oficialmente neste domingo (17), com uma missa celebrada às 15h, no Santuário de Caravaggio, em Farroupilha.
Em uma coletiva de imprensa realizada na manhã desta sexta-feira (15), na sede da Mitra Diocesana de Caxias do Sul, o bispo dom José Gislon destacou a importância histórica da atividade e falou sobre as expectativas para a etapa local, que terá as discussões iniciadas no mês de novembro, após formações virtuais voltadas às equipes coordenadoras nos dias 21 e 27 de outubro. Um formulário também está disponível para preenchimento online, onde podem ser respondidas as seguintes perguntas: "Como é que este 'caminho em conjunto' está acontecendo na nossa Igreja local? Que passos é que o Espírito nos convida a dar para crescermos no nosso 'caminhar juntos'?".
— Creio que esta fase diocesana vai ser um momento muito bonito. Queremos ouvir as pastorais, os movimentos, os vários segmentos que fazem parte da nossa sociedade. Acho que só assim estaremos colaborando com aquilo que o Sínodo nos pede. Todos terão o direito de se manifestar — afirmou o bispo, que também explicou as etapas do processo local, que resultará em uma síntese entregue à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil no dia 25 de março de 2022.
A síntese, segundo ele, deverá ser escrita em, no máximo, 10 páginas, e será elaborada a partir das questões que vão ser discutidas pelo Conselho Diocesano de Pastoral sobre o Sínodo, marcado para o dia 4 de dezembro de 2021.
Também participaram da coletiva o padre Paulo César Nodari, coordenador diocesano de Pastoral, além de Márcia Novello e Lucas Dalsotto, que são, respectivamente, secretária e coordenador do Conselho Diocesano de Leigos e Leigas.
O significado e o propósito do Sínodo
A atividade tem como tema "Por uma Igreja sinodal: comunhão, participação e missão". A palavra "Sínodo", que costuma ser utilizada para denominar assembleias realizadas entre bispos, é usada nesta atividade pelo significado que carrega dentro da tradição da Igreja, relacionado ao "caminho que o Povo de Deus percorre". Segundo a diocese, a palavra vem do grego, sendo traduzida como "caminhar juntos".
— Tivemos outros sínodos recentes, mas mais pontuais, voltados a determinadas realidades em continentes como a África, por exemplo. De âmbito universal, este é o primeiro que está acontecendo. As pessoas poderão opinar e se manifestar, observando que Igreja queremos para o futuro, por onde queremos caminhar. Isso é importante porque as pessoas gostariam de se manifestar, mas nem sempre têm oportunidade. Serão ouvidas realidades distintas, mas tendo o princípio da comunhão, colaborando para a caminhada da Igreja — afirmou o bispo.
Para o bispo, a realidade da Diocese de Caxias não é diferente de outras.
— O foco será como vivemos a direção da nossa fé na realidade de hoje. As mudanças que aconteceram nas famílias, mudanças da sociedade como um todo. Não é que o homem de hoje não tenha espaço pro espiritual, pelo contrário, tem uma sede muito grande, mas o que é ser católico no mundo de hoje? O que significa fazer parte de uma comunidade de fé? São questionamentos que estão no coração de muitas pessoas e esperamos que o sínodo nos traga essas respostas — completou.