A bolsa permanência, anunciada nesta terça-feira (26) pelo governo do Estado na tentativa de reduzir a evasão escolar na rede estadual, poderá impactar positivamente a educação na Serra. A titular da 4ª Coordenadoria Regional de Educação (CRE), Viviani Devalle, tem boas expectativas em relação ao benefício, que vai pagar R$ 150 por mês a estudantes do Ensino Médio. A coordenadoria não informou o número de alunos da região a serem contemplados com a bolsa, que vai ser destinada a 79,7 mil estudantes gaúchos em situação de vulnerabilidade.
— Nossa expectativa é muito positiva porque observamos que esta etapa de ensino tem sido a mais prejudicada ao longo da pandemia. O retorno presencial do segundo semestre, nas séries iniciais, foi de 90%, enquanto a dos estudantes de Ensino Médio não passou de 30%. São alunos que não retornam justamente porque estão trabalhando para a composição da renda familiar, prejudicada pela pandemia. O auxílio vai possibilitar que eles deixem de trabalhar — afirmou a titular da coordenadoria, que abrange escolas de 14 municípios da região, com 11.882 estudantes matriculados no Ensino Médio.
O benefício vai ser destinado a jovens que estejam matriculados nas escolas da rede e integrem famílias inseridas no Cadastro Único do governo federal – listagem usada para pagamento do Bolsa Família. Para ter direito, o jovem deverá ter frequência mínima de 80% nas aulas e participar das avaliações realizadas pelo governo do Estado. A previsão do governo é de que a bolsa comece a ser paga em dezembro, com duração até o final de 2022.
Em Caxias do Sul, de acordo com a 4ª CRE, 7.110 estudantes estão matriculados no Ensino Médio da rede estadual. A Escola Estadual de Ensino Médio (EEEM) Professor Clauri Alves Flores atende a 400 alunos, na Zona Norte da cidade e, de acordo com a vice-diretora Roseli Parayba Antunes, pelo menos metade deles integram famílias que estão em situação de vulnerabilidade.
— Eles começam a trabalhar e vão deixando a escola em segundo plano, ficam desmotivados, uma realidade que já era presente mas que piorou durante a pandemia. Com o ensino remoto, a presencialidade tem oscilado bastante. Muitos não têm acesso à internet também. A gente vai ajudando como pode, mas nem sempre eles dão o retorno necessário. Alguns até trocam de telefone e aí ficamos sem conseguir localizar. Acredito que este auxílio irá ajudar bastante — afirma a vice-diretora.
Flavia Schefelbanis, que desde agosto está na direção da EEEM Santa Catarina, afirma que a realidade do educandário é um pouco diferente, uma vez que a maioria dos estudantes que está trabalhando atualmente buscou emprego em busca de experiência, e não necessariamente de renda, havendo poucos casos de evasão por questão financeira.
Ainda assim, ela afirma que cerca de 15 famílias são atendidas com repasse de cesta básica e acredita que o benefício estadual poderá contribuir no combate à evasão.
— Estamos sempre em contato com pais de alunos, os professores conversam em sala de aula, e nós ligamos para as famílias que estejam com necessidade, dentre as que a gente sabe, porque muitos casos não chegam até nós — comenta Flavia.
A EEEM Santa Catarina tem 1,1 mil estudantes matriculados no Ensino Médio, sendo que destes, até o momento, 400 voltaram a frequentar o modelo presencial.
— É um momento de acolher. Os que retornaram estão numa felicidade... Tudo que a gente propõe eles acham maravilhoso, e acho que toda ação de incentivo é bem-vinda — completa a diretora.