Nesta terça-feira (10), o município de Caxias do Sul vacina em primeira dose contra a covid-19, na classificação por faixa etária, pessoas com 28 anos ou mais. Vacaria agenda aplicação para pessoas de 27 anos comparecerem aos postos de vacina nesta quarta-feira (11). Nova Petrópolis e Garibaldi vacinam público de 30 anos, idade que o município de André da Rocha, por exemplo, cobriu há cerca de um mês, chegando agora à faixa dos 24 anos, como também ocorre em Porto Alegre nesta semana.
Nesta corrida conjunta por ampla cobertura vacinal contra a covid-19, doença responsável por mais de 1,3 mil internações hoje no Rio Grande do Sul, e chegada da variante Delta com quatro confirmados na Serra, o avanço por faixa etária é motivo de expectativa para a população, mas não indica acerto ou erro de estratégia de cada município, ou mesmo diferença na distribuição, conforme explica a titular da 5ª Coordenadoria Regional da Saúde (CRS), Cláudia Daniel.
— O Estado calcula percentual de distribuição de acordo com a população estimada para 2019 ao TCU (Tribunal de Contas da União). Procuramos sempre elencar 100 de cada faixa etária conforme a chegada dos lotes. O que acontece é que cada município tem a sua estratégia, mas nenhum deixa de cumprir o objetivo. A prioridade é vacinar e não deixar doses estocadas — afirma Cláudia.
Cidades diferem em percentual de cobertura
De acordo com a titular da 5ª CRS, um dos principais fatores que influencia no andamento da imunização por faixa etária é o percentual de cobertura atingido em cada faixa etária.
— O município abre, chama a população, faz a busca ativa e, quando vê que aquele percentual que falta se ausenta, dá sequência para que não fiquem estocadas as doses, e isso vai variando a cobertura em cada cidade. Algumas pessoas não vão porque não querem, outras que constavam na estimativa já morreram, ou mesmo porque o dado que temos é uma estimativa que não necessariamente condiz com a realidade atual da população daquela cidade — explica a titular da regional.
Cláudia observa que cidades que conseguem garantir maior cobertura em cada faixa etária, por meio da chamada busca ativa, são mais propensas ao sucesso se considerado o objetivo de que atingirão a faixa dos 18 anos com um bom percentual de moradores imunizados.
— O que a gente vem combinando com os municípios é que, quando chegarem aos 18 anos, façam uma busca ativa para atingir as pessoas de faixas etárias anteriores que ainda não receberam primeira dose. Fica mais fácil se forem fazendo isso agora, mas também é algo muito mais viável a municípios de menor porte — reconhece Cláudia.
Conforme dados disponibilizados pela Secretaria Estadual da Saúde (SES/RS), Pinhal da Serra é um dos municípios que têm garantido ampla cobertura conforme o avanço por faixa etária. Segundo o contador, que projeta 1.941 moradores na cidade, a população de 60 anos ou mais está 100% com o esquema vacinal completo contra a covid-19. O índice também chega a 100% para primeira dose em pessoas de 40 anos ou mais. Nesta terça-feira (10) a cidade vacina moradores de 33 anos.
— Temos 2,5 mil moradores mapeados pelos agentes comunitários e isso permitiu que a gente fizesse um chamamento por data de nascimento, uma forma de ser realmente justa a ordem de aplicação. Além disso, como 75% da população está na zona rural, temos garantido, até mesmo, vacinação domiciliar para quem tem dificuldade de acesso à cidade. Este contato direto faz com que seja quase nulo o número de pessoas que se negam a tomar a vacina — relata o secretário da Saúde de Pinhal da Serra, Kallil Costa e Silva.
Em Nova Petrópolis, a vacinação chega a moradores de 30 anos nesta terça-feira e, de acordo com a SMS, o relativo "atraso" no avanço das faixas etárias se deve à ampla adesão por parte dos moradores. Em levantamento mais recente realizado pela prefeitura foi constatada adesão de 85% na faixa dos 34 aos 59 anos de idade. Do total de 8.502 pessoas deste grupo, 7.256 já receberam, pelo menos, a primeira dose da vacina.
— As pessoas estão aderindo e, se continuarmos assim, acredito que chegaremos aos 18 anos com 85% da população vacinada. Essa adesão alta faz com que avance menos, mas não quer dizer que não estamos vacinando. Conforme recebemos doses a gente faz contato com a população, divulga nos canais de comunicação, na imprensa e também oferecemos horários diferenciados. Para essa faixa de agora, por exemplo, das 16h às 20h — explica o vice-prefeito, que também responde pela Secretaria da Saúde e Assistência Social de Nova Petrópolis, Martim Wissmann.
Distribuição de doses
Ainda de acordo com a 5ª Coordenadoria Regional da Saúde, tendo em vista a diferença que pode ocorrer entre a projeção estatística da SES e a realidade dos municípios, o andamento da vacinação nos municípios pode ser modulado a partir de ferramentas como um termo para recebimento de mais doses que está disponível às prefeituras.
— Se uma cidade recebe, por exemplo, 200 doses para a faixa dos 30 anos mas acaba vacinando 300, ela pode requerer mais doses para cobrir esse déficit. Sabemos que este número pode variar, tanto pelo levantamento ser de 2019, quanto por questões como a vacina que é aplicada a moradores de fora ou de pessoas que passam temporadas em determinados locais. A gente sabe que a população transita entre as cidades — comenta Cláudia Daniel, lembrando que este dado também pode variar por conta do cadastro de cidade da carteirinha SUS, nem sempre devidamente atualizado de acordo com a cidade onde a pessoa reside no momento.
Comprovante de residência não pode ser obrigatório
De acordo com a CRS, os municípios podem solicitar comprovação de residência para fins de controle, mas o atestado não pode ser critério para aplicação da vacina uma vez que os imunizantes são adquiridos com verba federal com acesso de direito a todos os brasileiros.