A comunidade escolar retomou as atividades nos primeiros dias de agosto. O segundo semestre do ano, decisivo para grande parte dos alunos, apresenta um aumento no número de estudantes que optaram pelo ensino presencial, tanto nas instituições privadas quanto públicas. Isso após mais de um ano do início da pandemia de covid-19. Mesmo com números absolutos deste crescimento ainda sendo computados, o setor ainda vê com ressalvas um retorno total ainda para 2021.
Quem apresentou números iniciais relativos ao retorno foi a Escola La Salle Carmo. No comparativo com o primeiro semestre, mais alunos adotaram a modalidade presencial, sendo o período da tarde o que apresentou crescimento, como revela o diretor, Irmão Carlos Roberto.
— Entre o 6º ano e Terceirão, no turno da manhã, 45% optaram pelo ensino presencial, retomando o contato com a escola. Já no período da tarde, com certeza, nos surpreendeu essa volta, pois atingimos uma adesão de 94% entre Educação Infantil e Ensino Fundamental (1º ao 5º ano). Mas sabemos, contudo, que haverá um rodízio diário, por opção das famílias, com os cuidados pela covid e dos próprios estudantes — justifica.
Para ele, uma volta total depende de alterações dos protocolos e que o número de contaminados se mantenha em queda.
— 100% até pode acontecer, sem dúvida. É claro que seria preciso alterar o distanciamento, que hoje é de 1m50cm para 1m. Isso já sabemos que está sendo debatido com o governo estadual. Nas séries iniciais, até poderá acontecer. Mas os números precisam manter essa melhora para as famílias se sentirem seguras — ressalta.
No ensino estadual, a segunda semana marca a ampliação da carga horária. Também sem ter números conclusivos, o que deve ocorrer na próxima semana, de acordo com a 4ª CRE é possível notar uma adesão maior do que no primeiro semestre. No topo da lista estão os anos iniciais do Fundamental, seguido pelos finais e, por fim, o Ensino Médio. A coordenadora da 4ª CRE, Viviani Devalle, acredita que mais alunos devam comparecer presencialmente.
— Essa volta já é positiva. A nossa campanha vai ser intensificar nos próximos dias e mais jovens devem comparecer. Muitas pessoas estão retomando suas vidas e a escola não pode ser exceção — projeta Viviani.
Ela entende que o ambiente escolar é seguro e pode voltar a receber os alunos e que a manutenção de atividades remotas pode gerar um prejuízo pedagógico que irá acompanhar os estudantes para o resto da vida.
— É uma defasagem que vai afetá-los, sem dúvida. As escolas provaram que estão aptas para receber os alunos, estão estruturadas com EPIs e todos os protocolos. Nada será feito sem debate com todos os setores, incluindo a saúde — enfatiza.
Adesão maior também no município
Na rede municipal, a adesão mais alta também pôde ser notada. Segundo a secretária Sandra Negrini, o presencial é maior em decorrência ao modelo virtual de ensino.
— Estive visitando algumas escolas e nelas é facilmente constatado o aumento do número de estudantes. Isso é fruto de um processo de busca ativa e conscientização de pais e estudantes. Estamos ainda, junto com o setor de legislação, verificando os números absolutos para termos uma real dimensão. Isso deve ocorrer mais para o final da semana ou na próxima — explica.
Com relação ao retorno de 100% dos alunos às salas de aula, Sandra adota a cautela na análise.
— Isso não é cogitado em função das condições sanitárias. A presença vai aumentar pelo crescimento de imunizados e pelo inverno perder força nos próximos meses. Outro ponto é que os pais estão recebendo os resultados do primeiro semestre. Agora, os 100% ainda não. Por isso, o ensino híbrido vai ser mantido — acrescenta.
Universidade também retomam
A volta presencial, que nas escolas ocorreu ainda no primeiro semestre, é novidade para as universidades. Algumas voltaram na última segunda-feira. Na Universidade de Caxias do Sul (UCS), por exemplo, estudantes dos mais diversos cursos foram ao campus, alguns após mais de um ano. No entanto, muitos mantiveram o modelo online como principal alternativa. A UCS deve apresentar um estudo detalhado sobre a volta. Mas o ressurgimento do barulho nos corredores foi comemorado pelo reitor Evaldo Kuiava.
— É uma alegria. Evidentemente que, em função da pandemia, com restrições e seguindo todos os protocolos e orientações de forma presencial. Mas cabe ressaltar que os alunos têm a opção, ainda neste semestre, pelas aulas síncronas. Organizamos turmas para que seja presencial, outras apenas online, até para evitar o contágio e respeitando os protocolos. Temos cuidado com os alunos que escolheram a nossa instituição para estudarem, nossos professores e colaboradores — explica.
O reitor da UCS, vê o retorno total apenas para 2022.
— Acredito que a partir de setembro vamos estabilizar a covid na medida que 70% da população esteja imunizada. Contudo, temos as novas variantes e sabemos que elas exigem que se mantenha um cuidado. Por isso, esse ano vamos realizar essa transição e, para o ano que vem, as coisas poderão ser retomadas na totalidade — enfatiza.