Diante dos debates a respeito da implantação de pedágios, o governo do Estado precisará analisar mais um pedido para inclusão de rodovias na malha proposta inicialmente para concessão (a Rota do Sol já está entre as solicitações). Municípios do Vale do Caí querem que a RS-452, que liga vila Cristina, em Caxias, a Bom Princípio, também fique sob a gestão da iniciativa privada. A solicitação foi formalizada em um documento entregue pela prefeitura de Feliz ao secretário de Parcerias do Estado, Leonardo Busatto, na semana passada.
A proposta partiu inicialmente do município de colonização alemã, mas já tem o apoio das cidades vizinhas, como Vale Real, Alto Feliz e Bom Princípio, também atendidas pela rodovia. O prefeito de Caxias do Sul, Adiló Didomenico (PSDB), também já defendeu publicamente a inclusão da RS-452.
Segundo o prefeito de Feliz, Clovis Freiberger Junior (PSD), o objetivo não é instalar mais uma praça de pedágio na região, mas incluir o trecho de 27 quilômetros na malha, que ficará sob responsabilidade da concessionária que administrará a RS-122 e demais rodovias da Serra. Entre os argumentos, que constam no documento encaminhado ao Estado, está o fluxo da rodovia, que tem volume diário médio (VDM) de 10 mil veículos, segundo levantamento de 2019 realizado pelo Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (Daer). O ofício afirma, contudo, que estimativas informais do Comando Rodoviário da Brigada Militar (CRBM) apontam que o VDM já se aproxima de 15 mil veículos. Com a implantação de pedágios na descida da Serra pela RS-122, a preocupação é de que o movimento aumente ainda mais, com motoristas adotando caminhos alternativos.
— Entendemos que poderia ter, inclusive, a duplicação da rodovia, algo que o Estado não tem condições de fazer — argumenta.
Outra característica da RS-452 é que ela serve de ligação entre a Região das Hortênsias e o Vale dos Vinhedos, dois dos mais importantes destinos turísticos da região, além de servir de rota para escoamento da produção rural. No entanto, há anos a rodovia apresenta más condições de conservação, com asfalto deteriorado e grandes buracos. A última vez em que ocorreram obras estruturais foi em 2016, quando 23 dos 27 quilômetros da estrada foram recapeados.
— Na época, o projeto foi dividido em três partes, mas na hora das obras não houve a liberação da integralidade do valor, que permitisse toda a obra. Então se optou por deixar de fora o trecho em melhores condições, que era o acesso a Feliz. Hoje, essa situação se inverteu. O pior trecho é na área urbana da cidade — destaca Freiberger.
Localização dos pedágios é fundamental
Segundo o prefeito de Feliz, o secretário Busatto se comprometeu a analisar a questão, mas adiantou que a inclusão da RS-452 no programa depende de uma decisão política.
— Ele disse que precisaria de dois ou três meses para um estudo de viabilidade. O debate mais nevrálgico está em cima da localização da praça de pedágio — observa.
De fato, a definição dos pontos de cobrança estão entre as prioridades dos responsáveis projeto após a consulta e as audiências públicas colherem uma série de pedidos de mudança de endereço. Devido às características de fluxo em diferentes partes de cada rodovia, o local interfere diretamente no potencial de receita das praças. Por consequência, isso vai pesar na definição do valor da tarifa e de quais investimentos a concessionária terá capacidade de fazer, incluindo a absorção de trechos não previstos.
A estimativa, é de que o debate estivesse finalizado no fim de agosto para lançamento do edital de leilão das concessionárias no fim de setembro. Contudo, o Estado não confirma se o prazo será cumprido.
Por meio da assessoria de imprensa, o secretário de Parcerias, Leonardo Busatto disse que "já está sendo analisado o pleito da prefeitura de Feliz. Ele ainda será levado para deliberação do governo, junto com diversas outras pautas. Não temos um prazo ainda para essa decisão".