O Rio Grande do Sul está ingressando em um momento que exigirá atenção para os próximos dias. A estabilização de internações hospitalares por conta da covid-19, que ocorreu desde abril, foi a níveis altos, mas vinha em tendência de queda. Só que nas últimas 72 horas a curva está virando. Por mais que o acréscimo de novos pacientes positivos ou suspeitos nos hospitais seja recente, ele chama a atenção. Segundo dados disponibilizados pela Secretaria Estadual da Saúde (SES) — atualizados nesta quarta (12) pela manhã —, houve um salto de 4.020 pacientes em 9 de maio para 4.227 no dia 11. Essa tendência também é visível na Serra.
Segundo o boletim da SES, a variação de hospitalizações na região em leitos clínicos de pacientes do coronavírus teve alta de 3,26%. Até o dia 11, eram 550 pacientes, o que representa a maior ocupação em 17 dias, justamente poucas horas depois do atingimento do menor nível. No dia 8 deste mês, o número baixou para 482. Só que o dado de internação hospitalar pode ser um retrato intermediário da pandemia, porque ele vem depois de um aumento nos casos positivos e pode refletir nas UTIs nos próximos dias. É esse o ponto que gera alerta, porque os níveis de ocupação reduziram para 70% no SUS nos últimos dois dias, enquanto o sistema privado ainda está acima de 90%.
O cientista de dados e membro da Rede Análise Covid-19, Isaac Schrarstzhaupt, alerta que várias regiões do Brasil já mudaram suas tendências de queda para curva positiva. Na região Sul, Paraná e Santa Catarina já apresentam alta de casos e hospitalizações, enquanto o Rio Grande do Sul estabilizou e dá indícios de novo crescimento. No entanto, ainda se exige cautela porque pode ser devido a um represamento de dados.
— Como nossos dados são de notificações de casos, a gente pode ser enganado por algum represamento. Por isso, eu acabo esperando sempre uns 20 dias, pois aí o represamento é bem difícil — explica.
Às vésperas do anúncio de um novo sistema de controle da pandemia, o Rio Grande do Sul precisa ficar alerta para não regressar às polêmicas do que irá fechar ou abrir. Um novo momento crítico da pandemia poderá ser preocupante para todos os setores.