Uma semana após o início da retirada dos bancos da Praça Dante Alighieri, em Caxias, parte da população segue ocupando o espaço, o que é proibido por decreto municipal. A remoção realizada pela prefeitura foi apenas dos assentos dos bancos. Dessa forma, na manhã desta sexta-feira (19) era possível observar pessoas apoiadas nos encostos ou nas estruturas metálicas. Entre 9h e 10h também houve quem descansou aos pés de monumentos, em muretas e até na grama dos canteiros.
Na maioria dos casos observados pela reportagem, as pessoas conversavam em duplas ou aguardavam uma pessoa ou compromisso. O pedreiro Ângelo Antônio da Silva, 46 anos, por exemplo, esperava sentado no braço de um dos bancos a abertura de um estabelecimento para a realização de uma fotocópia. Ele foi contratado por uma construtora recentemente e precisa da cópia da carteira de trabalho para encaminhar a assinatura do contrato. Apesar disso, diz evitar sair de casa e defende a remoção dos bancos.
— Eu acho certo porque senão junta muita gente. Nunca costumo vir aqui. Só estou saindo de casa porque arrumei o emprego — justifica Silva, que utilizava máscara.
Situação semelhante foi a de um homem de 65 anos, que não quis se identificar. Sem os bancos, por volta das 9h40min ele sentou na grama de um dos canteiros. À reportagem ele disse que aguardava uma ligação para a entrega de uma mercadoria, o que ocorreu cerca de 10 minutos depois. Ele disse ter sido proibido pela família de sair de casa, mas como sofre de depressão decidiu realizar a entrega para mudar de ambiente. O homem também utilizava máscara.
— Ajuda de um lado e piora do outro. Eu tenho medo, fico lá no mato, em Forqueta (onde mora), mas como estou com depressão não consigo ficar sempre no mesmo lugar. Nem deveria ter sentado, só chamei a atenção — afirmou, pouco antes de ir embora.
Já o desempregado Luiz Tavares, 42, estava sentado no único banco da praça que continua com assento, o que apoia a escultura de Beatrice Portinari. Sem máscara, ele disse não temer a pandemia e não revelou porque estava sentado no banco.
— Cheguei agora de manhã — se limitou a dizer.
Durante a produção da reportagem, havia dois policiais militares a cavalo parados na praça, mas nenhum abordou quem descumpria o decreto municipal. Apesar disso, as pessoas que pararam em algum ponto do espaço foram embora em poucos minutos, o que é incomum quando os bancos estão disponíveis. A reportagem também observou menor circulação de pessoas, inclusive no ponto de safra, que ocorre no local às sextas-feiras.
Secretário aprova o resultado
Questionado a respeito do descumprimento por parte da população, o secretário do Meio Ambiente, João Osório Martins, responsável pelos parques e praças da cidade, disse que o intuito da retirada dos bancos não é restringir 100% a utilização. A explicação é o fato de a praça ser um espaço público. Ele afirma que a medida reduziu entre 80% e 90% a permanência de pessoas, o que considera um resultado satisfatório.
— Algumas situações a gente entende. Ali encontrávamos, por volta das 15h, umas 100 pessoas. Agora, são cerca de 20. Parados, são um que outro idoso, um que outro viciado — avalia.
Ainda segundo Martins, a Brigada Militar (BM) é parceira do município na fiscalização e a orientação da prefeitura é abordar apenas casos mais graves de descumprimento, como um grupo grande de pessoas ou permanência por muito tempo. Por esse motivo, segundo ele, os policiais não abordaram os frequentadores da praça.
— A própria presença do guarda já inibe bastante — observa.
O mesmo vale para o Parque dos Macaquinhos, onde há um módulo da BM. Segundo o secretário, poucas pessoas tem utilizado os bancos do parque, por isso não há necessidade de removê-los. Martins afirma, contudo, que a secretaria segue observando o comportamento da população em todas as áreas de lazer da cidade e poderá adotar novas medidas se julgar necessário.