Dois estabelecimentos de ensino da rede municipal de Farroupilha registraram surtos de covid-19 no início do ano letivo. Os casos confirmados foram nas escolas de Ensino Fundamental José Chesini, na localidade de Vila Rica, e Maria Bez Chieli, na Linha Caçador, ambas no terceiro distrito, no interior do município.
Para o retorno das aulas presenciais, os alunos foram separados em duas escalas na cidade. Conforme o cronograma da prefeitura, no dia 17 de fevereiro, retomaram presencialmente alunos da Educação Infantil de 4 e 5 anos e os estudantes do 9º ano do grupo A, o que representa cerca de mil estudantes. Como essas duas instituições não têm 9º ano, tinham retornado apenas as crianças da Educação Infantil.
Segundo a secretária da Educação, Luciana Zanfeliz, na José Chesini, uma professora apresentou sintomas e foi orientada a se afastar da escola no dia 22. Outras duas manifestaram sintomas dois dias depois. Cada uma delas é moradora em uma cidade diferente da Serra, Carlos Barbosa, Garibaldi e Farroupilha. Diante das suspeitas, a Secretaria de Educação suspendeu as aulas na instituição, a partir do dia 25, por 14 dias. Na Maria Bez Chieli, uma professora foi afastada no dia 19 por ter sintomas, uma servidora no dia seguinte e outra professora nos dias posteriores. A escola foi fechada no dia 24 também por 14 dias. Todos os casos foram confirmados posteriormente como sendo de covid-19.
A prefeitura de Farroupilha informou que as pessoas que testaram positivo para a doença receberam a determinação para permanecerem em casa, em isolamento, assim como orienta o protocolo de saúde para qualquer caso leve. Da mesma forma, alunos e professores que tiveram contato com as pessoas contaminadas também foram imediatamente afastados. A prefeitura diz que nenhuma criança contraiu o vírus.
Sobre a relação dos surtos com a retomada das aulas presenciais, a administração municipal diz que acredita que não tenha relação, "uma vez que o sistema organizado para a volta às aulas nas escolas estava sendo executado com toda a segurança. São poucos alunos por sala, controle intenso de higiene, entre outras medidas adotadas para o bem-estar de todos. E, como sabemos, não temos como provar definitivamente a origem da doença, quando contraída."
Sindicato pede retorno apenas de forma remota
Para o Sindicato dos Servidores Municipais de Farroupilha (Smuf), os surtos nas duas escolas municipais reforçam a preocupação com o retorno das aulas presenciais. O presidente da entidade, Diego Tormes, diz que o sindicato alertou a prefeitura sobre o risco de contágio e pediu que o ano letivo iniciasse apenas com as aulas na forma remota.
– Farroupilha é uma cidade meio. Temos muitos professores que são de Bento Gonçalves, Caxias, Flores da Cunha, Garibaldi, Carlos Barbosa... Então, eles transitam muito. Esse era nosso medo, de ampliar a contaminação com o retorno das aulas presenciais. Se em três dias de aula aconteceu isso, imagina continuasse totalmente presencial, iria se proliferar muito mais – disse Tormes.
A secretária da Educação diz que todos os professores foram convidados a realizar testes de detecção da doença antes do recomeço do ano letivo e que a maioria fez, inclusive das duas escolas, e todos tiveram resultado negativo.
– Claro que é uma preocupação. Tanto que vamos esperar para ver como vamos fazer o manejo e o retorno. Mas, essas são duas escolas pequenas, uma tem 53 alunos e outra 108, e as duas no mesmo distrito. Nas nossas escolas maiores, não tivemos nada que tenha acontecido que chamasse a atenção e que comprometesse (a retomada das aulas). Queremos que as coisas aconteçam mas temos que ter uma certa tranquilidade de não colocar ninguém em risco – ponderou a secretária.
Sobre a relação dos surtos com a retomada das aulas presenciais, a administração municipal diz que acredita que não tenha relação, "uma vez que o sistema organizado para a volta às aulas nas escolas estava sendo executado com toda a segurança. São poucos alunos por sala, controle intenso de higiene, entre outras medidas adotadas para o bem-estar de todos. E, como sabemos, não temos como provar definitivamente a origem da doença, quando contraída."
Para além do fechamento temporário das escolas, todo o Estado entrou em bandeira preta no modelo de distanciamento controlado no dia 22. Depois, houve a suspensão do retorno presencial das aulas pela Justiça, o que acabou favorecendo o controle dos surtos. Ambas as instituições retomaram as atividades entre terça e quarta-feira da semana passada.
O sindicato dos servidores ingressou com duas ações na Justiça que tratam desse assunto: uma para afastamento de servidores dos grupos de risco e outra para que seja priorizado o trabalho remoto.
O procurador-geral do município de Farroupilha, Valdecir Fontanella, disse que a cidade "sempre cumpriu a legislação e as decisões judicias relativas à prevenção e ao enfrentamento da pandemia de covid-19, especialmente no que diz respeito à aplicação dos decretos estaduais e municipais vigentes, inclusive, para os servidores públicos considerados em grupo de risco."