Após receber seis novas passagens subterrâneas, a Rota do Sol também vai ganhar estruturas para travessias aéreas da fauna na região de Itati, no Litoral Norte. A ação será realizada junto à Reserva Biológica Mata Paludosa, próximo às lombadas eletrônicas com limite de 40 km/h.
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As travessias sobre a rodovia servirão para atender espécies que têm a copa das árvores como um habitat comum, especialmente anfíbios. Contudo, as estruturas aéreas serão implantadas apenas no próximo ano, como uma terceira fase da implantação de medidas para preservar os animais. A primeira é a construção das travessias subterrâneas e a segunda é a implantação de telas nas laterais da rodovia para direcionar os animais para os túneis.
— Priorizamos a travessia terrestre devido ao monitoramento (que será necessário agora) e também por conta do período de veraneio — afirma o diretor-geral do Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (Daer), Luciano Faustino.
A construção das passagens subterrâneas começou na última quarta-feira (4). As seis travessias vão se somar às três já existentes, implantadas ainda durante a pavimentação da estrada. Após a finalização do trabalho, segundo Faustino, o trecho será monitorado para verificar se as medidas surtiram efeito na preservação das espécies.
A decisão de implantar os pontos de travessia surgiu a partir de um estudo realizado entre 2017 e 2018 identificou as espécies que vivem na região e o comportamento delas. O levantamento apontou que é comum os animais atravessarem a pista, especialmente para se reproduzirem, o que acarreta em atropelamentos. Como várias dessas espécies correm o risco de extinção e a área é de preservação ambiental, Daer e Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama) firmaram um termo de compromisso para minimizar os impactos ambientais da estrada. A expectativa é de que a implantação dos túneis esteja concluída em cerca de 20 dias.
Pedido semelhante na BR-470
Diante da medida adotada na Rota do Sol, apontada pelo Daer como inédita no Brasil, já há quem se mobilize para ver soluções semelhantes em outras estradas. É o caso da Organização Não-governamental (ONG) Associação Ativista Ecológica (Aaeco), de Bento Gonçalves. Na última sexta-feira (6), a entidade encaminhou ofício ao Departamento Nacional de Infraestrutura dos Transportes (Dnit) solicitando estudos ambientais para implantação de uma travessia subterrânea na BR-470.
O foco é o km 211, próximo ao trevo de acesso à RS-431, já no trecho urbano de Bento Gonçalves. Segundo o secretário-geral da Aaeco, Gilnei Rigotto, jaguatirica, gato mourisco, tamanduá-mirim, irara e graxaim já foram encontrados mortos às margens da rodovia nesse ponto.
— Nós sugerimos o túnel, mas colocamos no ofício que redutores de velocidade e placas já proporcionariam uma diminuição enorme na mortandade dessa área, que provavelmente é um corredor ecológico — revela Rigotto.
O engenheiro do Dnit responsável pela BR-470, Adalberto Jurach, afirma que ainda não recebeu o ofício e, portanto, não tem como se manifestar. Ele afirma que estradas como a BR-386 e a BR-116, no sul do Estado, já contam com dispositivos semelhantes. No entanto, as estruturas costumam ser caras e precisam ser bem avaliadas.