O recebimento de sementes que chegam pelos Correios oriundas da China a destinatários que não solicitaram a encomenda é um caso ainda considerado complexo pelas autoridades brasileiras. Nesta terça-feira (6), em coletiva de imprensa, o Ministério da Agricultura informou que 258 pacotes foram entregues no Brasil em 24 estados, entre eles o Rio Grande do Sul. A exceção é apenas para o Amazonas e o Maranhão.
Conforme o governo brasileiro, fungos, ácaros e até plantas daninhas foram detectados nas sementes, até agora, nas 39 amostras que chegaram ao laboratório para serem analisadas. Em um dos casos foi encontrada a presença de um ácaro vivo e bactérias ainda sem identificação — a análise final deverá ser concluída somente em um mês.
Segundo o secretário de Defesa Agropecuária no Ministério, José Guilherme Leal, não há como afirmar se o envio das sementes tem motivação intencional. A origem dos pacotes, segundo ele, também é investigada, mas eles supostamente foram enviados de quatro países da Ásia. Os riscos reais que podem ser causados com o contato com as sementes ainda são desconhecidos pelas autoridades.
Conforme Leal, somente após o recolhimento de todas as informações, processo ainda sem prazo, será feita a interação com as autoridades fitossanitárias dos países que supostamente fizeram o envio do material.
No Rio Grande do Sul, a Secretaria Estadual da Agricultura recebeu pelo menos 15 amostras do produto desde o dia 15 de setembro. Nesta terça-feira (6), o chefe da Defesa Vegetal da pasta, Ricardo Felicetti, afirmou que o número deve aumentar consideravelmente.
— As pessoas receberam involuntariamente esse tipo de mercadoria e não são apenas produtores rurais. Entregas feitas no interior ainda estão em trânsito para o escritório central (em Porto Alegre) — explica.
As sementes desconhecidas são recolhidas pelo Estado para serem encaminhadas para análise no laboratório do Ministério da Agricultura. Segundo Felicetti, há registros de entregas em Rio Grande e em cidades da região noroeste e da fronteira, além da Serra.
— Não se sabe exatamente qual é o risco de contato, esse é o receio. Existe a possibilidade que a semente se comporte como planta daninha e, por isso, solicitamos à população que as entregue nas unidades da Agricultura — orienta, ainda esclarecendo que as autoridades não descartam a possibilidade de as entregas terem relação com as compras efetuadas em sites da China.
Em Caxias do Sul, o supervisor regional do Departamento de Defesa Agropecuária, Willian Smiderle, explica que o receptor não deve plantar, colocar em água e nem enterrar o produto recebido sem solicitação:
— Importante é nem abrir o pacote, não jogar no esgoto e nem em sistemas de coleta de resíduos. A pessoa deve colocar em um saco plástico e entregar em uma unidade da secretaria onde atuem agrônomos da área vegetal (confira mais orientações abaixo).
Smiderle afirma que já recebeu amostras de Antônio Prado, Canela, Carlos Barbosa, Caxias e Garibaldi.
Na semana passada, a Embaixada da China no Brasil negou que os pacotes de sementes misteriosas tenham vindo daquele país. E disse estar disposta a cooperar com a investigação das autoridades brasileiras.
Em Porto Alegre, o contato deve ser feito pelo número (51) 3288-6200 ou entregue na Avenida Getúlio Vargas, 1384, sala 31, na pasta estadual. Em Caxias, as sementes devem ser entregues na Rua Vindima, 1.855, próximo ao Parque dos Macaquinhos. O contato pode ser realizado pelo número (54) 3221-1940.
O QUE FAZER
O procedimento recomendado caso receba esse tipo de pacote:
- Coloque em um saco plástico e encaminhe à inspetoria de defesa agropecuária, para ser destinado a análise e descarte adequado.
- Não plante, enterre ou jogue fora o pacote. Não viole a embalagem, para não expor o conteúdo ao ambiente.
- A importação de sementes só pode ser feita seguindo regras e com acompanhamento do Ministério da Agricultura.
Fonte: Ricardo Falicetti, chefe da divisão de Defesa Sanitária Vegetal da Seretaria da Agricultura do RS