Até o final deste mês, as crianças e adolescentes que vivem na Casa Abrigo Divina Providência, em Vacaria, terão novos lares. A união de esforços do município com outras cinco prefeituras da região, iniciativa privada e sociedade civil possibilitou a construção de cinco casas-lares em formato de condomínio que estão quase prontas para serem ocupadas.
A obra propriamente já foi concluída. Falta a instalação de alguns móveis, viabilizados por meio de emendas dos vereadores, e os utensílios para equipar as moradias. A expectativa é que tudo fique pronto até a metade deste mês, permitindo que seja marcada a inauguração.
Atualmente, 38 crianças e adolescentes, com idades entre zero e 18 anos, que precisaram deixar as famílias biológicas e que aguardam um desfecho para as próprias vidas, moram no abrigo. O prédio foi cedido pela Mitra Diocesana e será desativado e devolvido assim que a mudança se concretizar. O custeio, no valor de R$ 87 mil mensais, é feito pelo município e a administração pela Associação Vacariense de Auxílio aos Necessitados (Avan).
O endereço das novas casas não é divulgado para preservar os acolhidos. Mas, além dos imóveis, o espaço tem pátio interno, quadra de esportes, praça de brinquedos e oferecerá mais segurança para os futuros moradores, já que muitos deles sofreram abusos e maus-tratos por parte de familiares.
– A ideia é atendermos a Lei, que determina que sejam casas iguais a quaisquer outras, mas com segurança para as crianças, já que, em uma cidade como Vacaria, todos sabem para onde vão as crianças retiradas das famílias – comemora o promotor de Justiça, Luis Augusto Gonçalves Costa, que participou do processo de transição do antigo para o futuro modelo de acolhimento no município.
Quase metade dos recursos necessários para erguer o complexo, R$ 900 mil, foi doado pelo Banrisul por meio de destinação do Imposto de Renda ao Fundo da Criança e do Adolescente. A outra parte veio de verbas municipais das cidades atendidas pelo sistema de acolhimento de Vacaria – Campestre da Serra, Esmeralda, Monte Alegre dos Campos, Muitos Capões e Pinhal da Serra.
De acordo com a administradora do abrigo, Roberta Costamilan, as crianças institucionalizadas serão distribuídas em quatro casas-lares, priorizando os núcleos familiares. Ou seja, que irmãos fiquem sob o mesmo teto:
– São preconizados grupos familiares. Então, esse será o primeiro critério. Vamos preservar as famílias. Depois será feita uma divisão entre as demais. Hoje temos grupos de cinco, seis irmãos.
Cada casa terá capacidade para 10 acolhidos, número estipulado pela legislação. Eles serão atendidos por monitores e por equipe multidisciplinar. A Avan ainda vai definir quantos dos 30 atuais funcionários irão para as casas-lares e, se necessário, será aberta nova seleção de profissionais. O quinto imóvel será usado como unidade de transição, para receber os recém chegados que não têm expectativa de permanência e aqueles adolescentes mais perto de completarem 18 anos, idade em que eles devem deixar o sistema de acolhimento e tornar-se independentes.
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