O aumento nos casos de suicídios é uma preocupação mundial que ocorre também em Caxias do Sul. O assunto é alvo da campanha Setembro Amarelo, realizada anualmente, e esta quinta-feira (10) é o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio. Para marcar a data, a psicóloga Ana Paula Ludgren concedeu entrevista ao Gaúcha Hoje da rádio Gaúcha Serra.
A especialista destacou que é preciso falar sobre o assunto para reduzir o tabu em torno do tema, que é altamente complexo.A psicóloga pontuou que é preciso estar atento ao suicídio entre a população jovem, ainda mais durante a pandemia. Adolescentes ainda estão em formação e, com medidas como isolamento social, por exemplo, podem desenvolver transtornos mentais, como depressão.
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Em Caxias, dos 34 suicídios neste ano, oito foram de jovens com idade entre 15 e 29 anos. Inclusive, a cidade registrou um aumento expressivo nas mortes por autoagressão. Dados da Secretaria Municipal da Saúde mostram que foram 19 casos nos primeiros oito meses do ano passado contra 34 em 2020. A faixa etária com mais mortes é dos 30 aos 39 anos e os homens atentam mais contra a própria vida que as mulheres.
— Nós incentivamos que as pessoas busquem ajuda psicoterápica. As pessoas têm dificuldades emocionais e, por vezes, retardam a busca de ajuda, acham que é besteira, que é bobagem. Mas a verdade é que temos que ter uma preocupação coletiva — destaca Ana Paula.
Outro dado de alerta em Caxias é que também aumentou a quantidade de tentativas de suicídio. De janeiro a junho do ano passado, foram 284 contra 369 no mesmo período de 2020. Conforme a Associação Brasileira de Psiquiatria, as doenças mentais - como a depressão, por exemplo - constam como um dos principais indicadores de possibilidade de suicídio. A psicóloga destaca alguns comportamentos que podem chamar a atenção de pessoas próximas e indicar que há situações de perigo para a pessoa:
— Quando nos damos conta que alguém da nossa convivência está diferente, passou a ter comportamentos estranhos, ter falas estranhas, dizer que não tem mais vontade de viver, que está difícil viver, que seria melhor morrer, temos de fazer uma escuta disso e, dentro das nossas possibilidades, encaminhar essa pessoa ou falar com alguém da área e conseguir algum tipo de encaminhamento ou falar com algum familiar dessa pessoa para que possa ser encaminhado para um profissional da área da saúde, seja ele psicólogo ou psiquiatra, que vá fazer uma escuta qualificada e dar um encaminhamento para que isso não chegue nesse desfecho que é o suicídio.
Onde buscar ajuda:
Centro de Valorização da Vida (CVV): oferece escuta individualizada pelo telefone 188. Também é possível fazer contato por e-mail e chat por meio do site da organização.
Na rede pública de saúde: postos de saúde e Centros de Referência de Assistência Social (CRAS).
Na rede particular: psiquiatras e psicólogos.
Ouça a entrevista na íntegra: