"Vó, estou com muitas saudades de você. Pode ficar tranquila que esse vírus vai parar, e quando isso passar eu vou te abraçar muito". O bilhete escrito por João Vítor, 10 anos, em resposta a carta que recebeu da avó Olindia de Oliveira Wagner, 73, é singelo, mas demostra o amor que liga avó e neto. O menino de Caxias do Sul retribuiu o carinho em forma de palavras para amenizar a saudade provocada pela epidemia de coronavírus. O irmão mais velho, Bernardo, 14, também escreveu para a avó para demostrar o quanto a presença dela todos os dias é importante para eles.
- Vó, eu também estou com muitas saudades de quando você vinha aqui em casa todos as tardes - conta o adolescente na carta.
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Avós e bisavós de Caxias do Sul escrevem cartas para amenizar a saudade em meio à pandemia
Os dois se emocionaram ao receber o presente no último sábado (25). A carta foi escrita por avós e bisavós da cidade a pedido da reportagem para que contassem às crianças e adolescentes o que têm feito neste período em que precisaram se afastar porque estão no grupo de risco para o contágio da covid-19.
Estar longe dos netos e bisnetos é difícil, e as cartas ajudaram a expressar esse sentimento provocado pela distância. A vontade de responder partiu dos pequenos que, com papel e caneta em mãos, demostraram o amor e o carinho que sentem.
Isabelle escreveu para os bisavós
A pequena Isabelle, nove, leu a carta dos bisavós Niva Maria Cambruzzi Felippi, 86 e Angelin Pedrinho Felippi, 89, para o mano mais novo Leonardo, seis. O relato contava o quanto eles sentem a ausência dos bisnetos que costumavam preencher a casa com alegria. A menina conta que leu a carta também no jornal e decidiu responder porque está com muitas saudades. Em sua inocência de criança, ela sugere um abraço ao menos uma vez durante a pandemia para amenizar as saudades:
"Querida Bisa e Biso! Estou escrevendo essa carta para responder a que você escreveu no jornal. Eu acho que a gente poderia se abraçar pelo menos uma vez durante a pandemia (só para matar a saudade). Estou com muitas saudades de você e do biso. E uma das brincadeiras que mais sinto falta é o nosso jogo de cartas. E biso, eu sinto falta de te ajudar, de assistir os teus canais de TV, etc. Enfim, estou morrendo de saudades de vocês. Beijos, Belle".
Helena segura a carta da avó com carinho
Helena, quatro anos, ainda não sabe ler. Com a carta da avó nas mãos, ela recebeu um telefonema de Rosita Rech, 61. A assessora de legislação acadêmica da Universidade de Caxias do Sul (UCS) leu para a menina as palavras que escreveu para tentar traduzir a saudade. A ligação delas é profunda, e conforme a avó, a chegada da menina mudou a vida dela, porque a espontaneidade de Helena, ensinou Rosita a demostrar carinho. A mãe da menina, Fernanda, contou a Rosita que ela ficou sem jeito ao telefone, mas escutou as palavras da vovó até o final.
Luis Otávio leu a carta dos avós para a mana Maya
Acostumados a ver os avós todos os dias, Luis Otávio, oito, e Maya, de um ano e seis meses, receberam a carta de Erci De Carli Rizzotto, 73 e Arlindo José Rizzotto, 74. As palavras foram lidas pelo mano mais velho para a caçula.
Maya, que ainda é muito pequena, ouviu a leitura e depois, em uma demonstração de carinho e afeto pelos vovós, tentou rabiscar um desenho na carta escrita por eles.
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