:: FRANÇA
"A França adotou a quarentena nesta semana, ainda está difícil de conseguir analisar este período. A vida aqui não havia mudado em quase nada até então. Mesmo com todos os avisos das autoridades dos casos de coronavirus que aumentavam todos os dias no país, a população estava tranquila e a vida continuou normalmente.
O presidente Emmanuel Macron, em um primeiro pronunciamento na quinta-feira passada, explicou a necessidade dos franceses adotarem medidas mais importantes para barrar a propagação do vírus. No meu ponto de vista, a França demorou muito para tomar esta decisão, pois hoje já são quase 9 mil casos da doença. A estimativa é de que este número vai aumentar, visto que o confinamento começou agora.
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Estamos em casa e não podemos sair. Precisamos de uma autorização para circular. Com a quarentena tive a impressão de que a "ficha caiu" e que o clima ficou bem pesado. Filas enormes para ir ao mercado; produtos como papel higiênico, carnes e massas estavam em falta já no mercado ao lado da minha casa.
As pessoas caminhavam com as mãos cobrindo o nariz e a boca ou com um lenço, sendo que infelizmente só algumas máscaras cirúrgicas podem barrar o vírus. Só existem quatro fornecedores de máscaras na França e eles não estão conseguindo dar conta de produzir máscaras nem para o corpo medical. Álcool gel, luvas, máscaras não existem mais pra vender. A população começou a comprar paracetamol e vitamina C. As farmácias vão barrar a compra descontrolada do paracetamol, vendendo apenas uma caixa por pessoa a partir de hoje. As fronteiras estão fechadas durante 30 dias. Estamos trabalhando à distância.
Acho que algo que nos faz "sofrer" um pouco é que a primavera está chegando, com dias lindos que precisamos passar dentro de casa. A imprensa também tem ajudado na propagação do medo, pois os noticiários são dedicados inteiramente a este assunto, dá a impressão de que o mundo está terminando.
O meu medo maior é de que coronavíus vire pandemia no Brasil também, pois as condições econômicas e de saúde do nosso país são bem diferentes para lutar contra o vírus. Um plano econômico bem amplo tem sido aplicado aqui pra que ninguém fique sem salário durante a quarentena, mesmo sem trabalhar. O governo francês estará assegurando a folha de pagamento de todos. Será que o mesmo ocorreria no Brasil?"
Camila Braga, 31 anos, professora de Caxias do Sul que mora em Lyon