Um grupo de pais de alunos da Escola Municipal de Ensino Fundamental Arnaldo Ballvê protestou na manhã desta sexta-feira (8) em Caxias do Sul contra a transferência dos filhos para o Instituto Estadual Cristóvão de Mendoza. Cerca de 50 pais e mães se reuniram em frente ao prédio do colégio para questionar a decisão, principalmente, porque não foram chamados para conversar sobre o assunto.
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Os 600 alunos da escola do bairro Santa Lúcia iniciariam o ano letivo no colégio estadual até que sejam concluídas as obras na escola. O acordo entre a Secretaria Municipal de Educação (Smed) e a 4ª Coordenadoria Estadual de Educação (CRE) foi firmado nesta quarta-feira (5). A decisão do local desagradou os pais.
Uma das organizadoras do protesto, Sabrina Viganó Pistori, 28 anos, é mãe de Raiele Viganó Pistori da Silva, 10.
— Ela estuda na escola desde o primeiro ano. Não vou mandar minha filha para o Cristóvão. Estamos indignados com essa decisão. Temos um grupo de 250 pais e nenhum de nós vai deixar os filhos irem estudar lá.
Morgana Rizzo, 34, mãe de Pietra Rizzo Marchet, 10, também está indignada.
— Ficamos sabendo da transferência para o Cristóvão pela imprensa. Até a sexta-feira (dia 31 de janeiro) informaram aos pais que estavam procurando um local para que eles estudem. Estou preocupada porque o Cristóvão não tem estrutura para os alunos que já estudam lá e agora vão encaminhar as crianças para esse colégio? — questiona.
— Não vou mandar minha filha para o Cristóvão. Ela é pequena. Se no horário da saída aqui no Ballvê já é bagunça, imagina no Cristóvão com mais 600 alunos. A escola devia ter comunicado os pais — acrescenta Jéssica da Silva Pereira, 28, mãe de Vitória Pereira Braga, de 11.
Para Ronaldo Domingues, 44, pai de Estevão Domingues, 13, a escola não tem estrutura para receber os alunos:
— Meu filho estuda na Arnaldo desde pequeno. Estamos preocupados e queremos resolver a situação avaliando outras possibilidades.
Raquel Moraes Pacheco, 37, também está preocupada com a filha Sofia Moraes Crossa, sete.
— Estou apavorada porque ela é pequena e a escola está horrível. Como vou mandar minha filha para lá?
Roselane Azevedo, 53, tem a guarda do neto Guilherme Fantin Subtil, seis, e também reclama.
— É o primeiro ano do meu netinho na escola. Estou preocupada. Ele ainda é um bebezão, muito pequeno ainda para estudar tão longe de casa. Ele perdeu a mãe e estou insegura em levar ele para o Cristóvão.
Smed e diretoria receberam os pais
Indignados, os pais cobravam a presença da diretoria na escola Arnaldo Ballvê. Uma das mães descobriu que a diretora Inês Frighetto estava em reunião com a Smed. Eles, então, decidiram ir até a sede que fica na Rua Borges de Medeiros, no Centro. Com faixas e buzinaços, eles se deslocaram até o prédio. No local, foram recebidos pela equipe para tratar do assunto. Os pais questionam porque a transferência para o Cristóvão e não para um colégio ou local próximo.
A secretária da Educaçao, Flávia Vergani, explica que a Smed está tentando colocar o ano letivo em dia:
— Uma das primeiras coisas que fiz foi analisar as questões estruturais das escolas. Fui até o Arnaldo Ballvê e a situação e obra estavam andando lentamente.
— Na papelada falava da contratação de um aditivo, mas ele não foi encaminhado e teria de ter sido assinado em outubro, mas foi assinado na última quinta — complementa a secretária.
Ela afirma que a reforma não vai ficar pronta para ano letivo, mas a Smed está aberta ao diálogo. Ela diz que a Smed avaliou o Altos do Seminário, Edificare e São João Batista, mas não foi possível fechar um acordo com nenhum dos locais.
Os pais sugeriram aguardar a obra ficar pronta para iniciar o ano ou seguir com as aulas durante a reforma na própria escola ou em um ginásio ou prédios próximos ao Arnaldo Ballvê.
— Vamos fazer uma ata e acrescentar as sugestões deles. Essas propostas vão ser avaliadas e levadas para votação em assembleia com todos os pais. Vamos decidir com o aval deles — explica Flávia Vergani.
Um novo encontro foi agendado para a segunda-feira (10), a partir das 19h, no ginásio da escola Arnaldo Ballvê.
O QUE DIZ A DIRETORA DO ARNALDO BALLVÊ
A diretora da escola Inês Frighetto afirma que foi comunicada pela Smed sobre a mudança em janeiro, mas ainda não sabia para qual local.
— Foram avaliados três espaços e não podíamos comunicar os pais e criar expectativas até definir o local. Depois de analisar os três mais próximos e não ter sido possível, surgiu o Cristóvão.
Ela ressalta que esteve no colégio para analisar o espaço.
— Na quinta da semana passada nos informaram que a transferência seria para o Cristóvão. Visitamos a escola e junto com a Smed vamos avaliar todos os detalhes como transporte e reforço na equipe para garantir a segurança dos alunos. As salas de aula são boas, o pátio e a biblioteca também são bons. A mudança para o Cristóvão exige poucas adequações em relação ao móveis e números de classes, por exemplo.
O QUE DIZ A DIRETORA DO CRISTÓVÃO
A diretora do Cristóvão, Roseli Maria Bergozza, também participou da reunião. Ela afirma que o espaço cedido aos alunos está em condições de receber os estudantes:
— Precisamos de reformas na escola, sim, mas o prédio é forte estruturalmente. A escola não colocaria os nossos alunos nem os da Arnaldo Ballvê em risco. Os alunos vão estudar no Bloco A, ao lado do ginásio e convido os pais a irem até a escola para conhecer o espaço.
OBRAS
As obras na Arnaldo Ballvê, que previam a troca de telhado e piso, além da obtenção do alvará do Plano de Prevenção e Proteção Contra Incêndios (PPCI), iniciaram em agosto de 2019, ainda na gestão do prefeito cassado Daniel Guerra (Republicanos), com prazo inicial de seis meses para a conclusão e investimento de R$ 1,1 milhão. No entanto, uma vistoria da Smed no início de 2020 constatou a necessidade de reformas nas paredes do prédio. A obra deve estar concluída em quatro meses.