Tomadas pelo consumo de drogas e pelo tráfico de entorpecentes, três ruas nas proximidades do Mato Sartori, em Caxias do Sul, foram alvo de uma operação de limpeza na manhã desta quinta-feira (5). O ponto é conhecido como Cracolândia, já que, atualmente, as ruas Borges de Medeiros, Antonios Nakhoul El Andari e Heitor Curra concentram a maior aglomeração de dependentes que consomem drogas a céu aberto na cidade.
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Ao passar pelo trecho a partir do final da tarde até por volta das 5h da manhã é possível observar o consumo de drogas e o número de pessoas que vivem na rua ou circulam por aquela área. Por volta das 8h30min, quando a ação de limpeza começou, não havia usuários no local. A intenção inicial da prefeitura de Caxias, que organizou a força tarefa, era limpar a área e depois encaminhar os usuários de drogas para atendimento, caso acontecessem abordagens. A Guarda Municipal deu apoio aos trabalhos. A Brigada Militar (BM) também foi acionada para monitorar a operação.
Uma equipe formada por dez apenados que prestam serviços para a Companhia de Desenvolvimento de Caxias do Sul (Codeca) realizou o serviço de capina e varrição. O muro do Parque do Mato Sartori, usado como camuflagem, foi um dos pontos de onde foi retirada mais sujeira. As lonas improvisadas para proteger do frio e da chuva e os cobertores foram retirados, assim como todo o lixo acumulado nas calçadas. Retroescavadeiras e caminhões também foram usados para retirar a sujeira e entulhos das três ruas. Em quase duas horas de trabalho, 20 toneladas de lixo e entulho foram recolhidos.
Em dezembro do ano passado, a reportagem abordou o assunto, uma vez que os moradores cobravam ações das autoridades e do poder público para limpar as ruas. Eles também cobravam ações de segurança, já que a subida íngreme e o mato aumentam a sensação de insegurança.
Moradora do bairro Primeiro de Maio, Sandra Brum, 28 anos, passa todos os dias pela Nakhoul El Andari e segue pela Borges de Medeiros:
— Nunca tive medo de descer ou subir a rua e de passar por eles, mas este tipo de ação de limpeza é necessária porque acumula muito lixo nas calçadas.
Outra moradora que prefere não se identificar também garante que nunca teve problemas com quem toma as ruas, mas concorda que é preciso limpar as ruas.
— Sempre tiveram respeito com todos que vivem aqui. Eles consomem drogas, mas não incomodam ninguém. Tem muita sujeira, então, concordo que venham limpar, mas tem que vir com frequência porque logo eles vão acumular o lixo novamente.
Operação com foco na limpeza da área
A ação foi elaborada por diversos órgãos do município. De acordo com o diretor Administrativo e Financeiro da Codeca, Luís Felipe Burtet, a prefeitura pretende agir em diversas frentes com forças tarefa para limpar áreas de cidade.
— Primeiro, focamos na questão da limpeza e levantamento da situação para repassar para as demais secretarias. Em caso de abordagens, acionaríamos a Fundação de Assistência Social para avaliar o melhor encaminhamento. Temos também a questão ambiental que será repassada para o Meio Ambiente.
Ele afirma ainda que essas ações só são possíveis pelo diálogo entre as secretarias, e porque a Codeca conta com o convênio com a Susepe e, assim, pode prestar serviços à comunidade sem deixar a cidade desassistida.
— Nessa parceria com a Susepe, temos equipes para prestar serviços. Tem o lado social, que incentiva a reinserção dos apenados à sociedade e o retorno ao mercado de trabalho, e também o atendimento às demandas da cidade, que aumentam a cada dia.
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