Para os adultos, contemplação. Para as crianças, diversão. Você já ouviu falar do Parque Demétrio Monteiro da Silva? Você não é o único. Poucos são os moradores de Caxias do Sul que conhecem a Lagoa do Rizzo pelo seu nome de gala. O certo é que, pouco mais de 10 anos após ter sido entregue à população (novembro de 2008), a lagoa de um dos bairros mais populosos da cidade encanta e, ao mesmo tempo, preocupa em virtude da má utilização, por parte de algumas pessoas, e a falta de manutenção, por parte do poder público.
Nos finais de semana de verão, o parque costuma receber número de visitantes igual ou até superior a dos parques mais centrais do município, como o Macaquinhos. Principal atração da Lagoa do Rizzo, os patos, marrecos e galinhas d'água, circulam livremente entre os frequentadores. São "xodós" das crianças, que chegam munidas de pacotes e mais pacotes de pão para alimentá-los.
— Uma vez eu cheguei a contar mais de 200 e parei. Hoje, se tu fores ver, não tem 50. O pessoal está roubando os patos, levando para casa — conta o aposentado Doraci Luiz Turcatti, 66 anos, que vai à lagoa todos os dias para passar o tempo.
Além da beleza da lagoa, a arborização do parque é outro ponto de destaque e também agrada aos frequentadores. Grandes araucárias e mata diversificada garantem a sombra que ameniza os dias de maior calor. A academia da terceira idade e o parquinho para crianças são outros locais sempre ocupados. Outra atividade comum na Lagoa do Rizzo é a pesca. E este é um dos pontos mais controversos.
Não há proibição da Secretaria Municipal do Meio Ambiente (Semma) para a prática do esporte, com caniços. O que não é permitida é a utilização de redes e tarrafas. As carpas podem ser retiradas a qualquer momento. Outros peixes também, respeitando-se o período de reprodução, entre outubro e janeiro. Frequentadores, no entanto, reclamam da falta de cuidado dos pescadores com os demais animais do complexo.
— Eu só venho aqui para pescar e trazer a gurizada para brincar. Já morei aqui (no bairro), mas tinha vindo só uma vez. Agora voltei e estamos vindo direto nos últimos dias — diz o gesseiro Emerson da Silva, 20, que exibia em um balde os lambaris que pegou na tarde de ontem.
— O que falta aqui é iluminação. Às vezes ficamos até de noite e se torna até perigoso — completa o servente de pedreiro Rodinei Marcelo Silva Jacinto, 23.
Por não estar localizada na área central da cidade, a Lagoa do Rizzo tem manutenções menos frequentes. Por isso, é fácil encontrar algumas lixeiras quebradas e gramados altos, por exemplo. Mas a maior parte dos problemas acaba sendo criado pela própria população, como o descarte de lixo no chão ou na própria lagoa e o não recolhimento de cocô dos bichinhos de estimação.
— Já foi melhor. Parece que a lagoa está esvaziando. E falta manutenção e consciência das pessoas. Tem muito lixo e a prefeitura vem aqui e corta a grama à meia-boca — reclama o serralheiro Thiago de Godoy Nunes, 18, outro frequentador assíduo da lagoa.
Ele e a namorada Miriellen Esteves, 16, levam todos os dias a cachorrinha Meg, oito meses, para passear no parque:
— Estou ensinando ela a nadar, mas às vezes ela tem medo.
A última vez que a Lagoa do Rizzo passou por revitalização foi em 2016, ainda no governo Alceu Barbosa Velho (PDT), quando houve a colocação de novas grades, plantio de grama e de árvores nativas, além da disponibilização de sinal de internet wi-fi. Além disso, o Samae implantou 320 metros de rede de esgoto para isolar a entrada de esgoto doméstico na lagoa.
Não está na hora de dar uma nova atenção a um dos mais belos cartões postais da cidade?