O pai do menino de cinco anos atacado por um cachorro da raça pitbull se manifestou sobre o caso nesta terça-feira (17). Ele afirma que a história está sendo distorcida e o guri não chutou o animal como foi divulgado na ocorrência, fato que poderia ter desencadeado a reação violenta do cão. A criança passou por cirurgia após sofrer mordidas na cabeça e no braço direito e, até a tarde desta terça-feira, ela permanecia num quarto do Hospital Geral (HG). O estado de saúde é considerado regular. O cão, de um ano e meio de idade, foi sacrificado.
Segundo relato inicial, o pitbull avançou sobre a criança por volta das 14h30min de segunda-feira (16). O ataque aconteceu no pátio da moradia da família, no bairro Santa Fé. Na ocorrência, a mãe informou que o menino chutou o bicho, o que teria provocado a reação. O pai da criança nega. O homem, que trabalha como ajudante de pedreiro, diz ser criador de pitbulls há mais de 15 anos e nunca teve problemas com a raça.
— Não sabemos como o ataque aconteceu. Eu estava no pátio fazendo um cercado para os filhotes de uma cadela e pedi para meu filho buscar uma faca. Dali a pouco escutei os gritos da minha mulher. Quando cheguei, o cão já estava em cima do meu filho — relata o pai.
O casal levou cerca de 15 minutos para soltar o filho da mandíbula do cachorro.
— Muitas pessoas preferiram ficar filmando tudo e não ajudaram. Consegui soltar porque o cachorro estava com a coleira e com o enforcador (ferramenta usada em adestramento) — conta o homem.
Guardas municipais que passavam pelas proximidades foram abordados pela mãe carregando a criança ensanguentada. Os guardas colocaram o menino numa viatura e levaram para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Zona Norte. Dali, a criança foi encaminhada para o Hospital Geral (HG). O pai do menino sacrificou o cão pouco depois do ataque.
— Não tinha o que fazer, o cachorro estava enlouquecido. Meu filho só não perdeu pedaços porque conseguimos soltar — justifica.
O pai da criança afirma que o pitbull nunca teve comportamento atípico. O cão, segundo ele, havia sido repassado por um morador de Flores da Cunha havia três meses.
— Sempre foi bem tratado, ganhava alimentação, não tinha maus-tratos. Deixava ele preso numa coleira presa a um fio no pátio, onde ele podia circular. Nunca fez mal a ninguém. Agora já não sei se antes, com outro dono, já teve algum problema. Toda vez que o cachorro chegava perto do meu filho, eu estava junto. Talvez não tenha atacado por isso.
Sobre a informação de que a criança chutou o cachorro, o pai é categórico:
— Minha esposa não viu como aconteceu. Na hora do nervosismo, ela não sabia o que falava.
Uma equipe da Vigilância Ambiental recolheu o corpo do animal para exames em um laboratório em Eldorado. O resultado que pode identificar a presença ou não de raiva deve sair nos próximos dias. A família ainda tem uma cadela e oito filhotes da mesma raça.
— Não pretendo mais mais lidar com pitbull — finaliza o homem.
Sacrifício não seria necessário
O veterinário Nardeli Osvaldo Lucena explica que todo cão de guarda só ataca se é ameaçado ou sofre alguma agressão.
— Se uma pessoa levantar os braços, fazer algo brusco quando passa por perto, o cão vai se sentir agredido. A resposta dele é mais rápida do que o raciocínio para reconhecer o dono, por exemplo. Mas jamais qualquer cão de guarda vai atacar sem ser agredido. Claro, se alguém invadir um pátio, é outra questão.
Lucena diz que o sacrifício do cachorro também foi desnecessário, pois quando o animal faz o ataque, ele percebe, posteriormente, que cometeu um erro.
— Tem pessoas que foram atacadas violentamente pelos próprios cães por apenas fazer gestos bruscos e ainda convivem com eles.
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