Aprender sobre polímeros pode ser assustador para a maioria dos estudantes do Ensino Médio. A palavra está na lista de conteúdos da disciplina de Química. O termo polímero, formado a partir da junção das palavras gregas poli, que significa “muitas”, e mero, que quer dizer “partes”, apresenta o agrupamento de diversas moléculas.
Os alunos da Escola Estadual de Ensino Médio José Generosi, no bairro Forqueta, em Caxias, tiveram uma experiência diferente para aprender sem medo. A iniciativa partiu da professora de Química Katiuscia Hemann, que estimulou os estudantes a tirarem as propostas da sala de aula:
– A ideia foi para que eles desenvolvessem projetos com materiais compostos por polímeros, mas que esses trabalhos não fossem elaborados pensando apenas na nota, e sim no aprendizado. O desafio era tirar a proposta do papel e não deixar o projeto morrer. Queria que eles criassem objetos que pudessem ser usados fora da sala de aula – explica.
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Depois de lançar o desafio, a professora acompanhou o progresso dos 33 alunos do 3º ano dos turnos da manhã e da noite. A cada trabalho uma surpresa.
– Eles recolheram garrafas PET, garrafas de leite, tampinhas, sacolas e canos de PVC e transformaram em brinquedos para doar para crianças, fizeram teatro de marionete, transformaram espaço e construíram comedouros e bebedouros para animais de rua – conta.
CONHEÇA OS ALUNOS POR TRÁS DO PROJETO
TEATRO DE FANTOCHES
Sacolas plásticas dão vida aos personagens Ari, Natali, Eny e Saimon, no teatro de fantoches Águas Perigosas. Os criadores dos bonecos e do enredo teatral são os alunos Guinter Barros, 19, Débora Pereira Machado, 19, Amanda Paim da Silva, 18, e Gabriel Callegari Lazzari, 18.
– Estava deitado na cama e tive a ideia de criar marionetes com sacolas plásticas. Bolamos um teatro chamado Águas Perigosas. A história narra o susto de uma turma de amigos quando um deles, o Saimon, se perde em meio a um coral porque a água do mar está poluída – conta Guinter.
CANTO DA LEITURA
Duzentos copos descartáveis transformaram um cantinho da biblioteca da escola em um espaço mais aconchegante. Os copos foram usados durante a comemoração do Dia do Professor e reaproveitados para criar o Canto da Leitura. As alunas Júlia Martini, 17, Ana Carolina Issoppo, 17, e Bruna Andrade, 17, foram as responsáveis pela transformação.
– Reutilizamos os copos para decorar uma parte da escola. Eles se moldam sozinhos, o que torna o processo bem fácil – conta Júlia.
Sorrindo, ela demonstra orgulho com a criação:
– É um projeto simples e barato, que usa recicláveis para transformar um ambiente.
PAPEL QUE IA PARA O LIXO É RECICLADO
Denominadas de Quarteto Fantástico, as alunas Raíssa Gomes, 15, Giulia Hemann, 15, Ana Luísa Pellicioli, 16, e Pâmela Bento, 15, reutilizaram papel que iria para o lixo.
– Reciclamos papel e adicionamos sementes. A ideia é agredir menos o meio ambiente e reutilizar o que iria para a lixeira – explica Raíssa.
Ela conta ainda que pretendem estimular o uso do material reciclável na escola.
– Vamos incentivar os professores e alunos a usar o papel reciclado com a produção de blocos de rascunho, agendas e até mesmo folha para provas.
CANOS DE PVC PARA ALIMENTAR ANIMAIS ABANDONADOS
A turma do noturno, representada pelos alunos Anderson Guedes do Santos, 19, e Jéssica Barbosa da Silva, 17, pensou em ajudar animais abandonados. Com canos de PVC, doados pela comunidade, eles criaram um comedouro e um bebedouro:
– Tem muitos bichos abandonados no bairro e pensamos em uma maneira de ajudar – destaca Jéssica.
Anderson acrescenta que querem chamar a atenção dos moradores e comerciantes:
– Já combinamos com a proprietária de uma loja para instalar na frente do pet. Ela sempre deixa potes de ração e água lá, e também já acolheu animais e doou para tirá-los da rua. Queremos incentivar a instalar os recipientes em outros pontos do bairro.
BRINQUEDOS COM GARRAFAS PET
Tampinhas, garrafas e potes foram transformados em brinquedos. Larissa Bampi, 18, não esconde o orgulho ao contar que a turma pretende doar os objetos para os alunos mais novos ou para uma instituição que atenda crianças que vivem em vulnerabilidade social.
– Produzir materiais com o que iria para lixo em objetos que vão trazer alegria a crianças nos faz bem. É o aprendizado saindo da sala de aula para transformar vidas – afirma a estudante.
MOSTRA DE CIÊNCIAS
Álvaro Cappeletti, 17, Daniel Júnior, 17, e Bianca Silveira, 17, adaptaram uma bicicleta e colocaram um liquidificador em um dos pneus para economizar energia ao picar papel. O projeto foi lançado para participar da Mostra de Ciências da escola.
– O liquidificador fica no pneu e quando alguém pedala pode triturar o papel e ainda fazer sucos e vitaminas, sem usar energia elétrica. A proposta é cuidar do meio ambiente e também estimular os alunos a fazer exercícios e deixar de lado o sedentarismo.
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