A nova titular da 4ª Coordenadoria Regional de Educação (4ª CRE), Viviani Devalle, disse, na manhã desta quarta-feira (18), que a filiação partidária não irá interferir na gestão da educação na região. Ex-secretária de Educação do município de Itá, em Santa Catarina, a professora com formação em Letras integra o quadro do MDB e assumiu o cargo em Caxias do Sul no início do mês.
Leia mais
Ex-secretária de município catarinense assumirá Coordenadoria Regional de Educação em Caxias do Sul
Justiça dá 60 dias para Estado apresentar plano de reforma do Cristóvão de Mendoza, em Caxias
Em entrevista ao programa Gaúcha Hoje, da Gaúcha Serra, Viviani disse que a seleção para o cargo seguiu um rigoroso processo e que a conjuntura política de Itá não tem relação com a do Rio Grande do Sul e da Serra. A nova coordenadora também falou a respeito da falta de professores e da infraestrutura das escolas atendidas pela 4ª CRE. Ao todo, são 120 instituições de 14 municípios, que somam 50 mil estudantes. Confira a entrevista:
Rádio Gaúcha: Como estão sendo os primeiros dias como Coordenadora da 4ª CRE?
Viviani Devalle: Na primeira semana de setembro todos nós, os coordenadores, estivemos em Porto Alegre em uma capacitação já com vistas a nos preparar para o cargo que estamos assumindo. Na semana que passou, iniciei as atividades aqui na coordenadoria. Nesses últimos dias procurei tomar conhecimento das escolas, dos municípios, da quantidade de professores e dos problemas que eventualmente ocorrem na Coordenadoria em virtude de alguns casos pontuais. Ainda, conhecer toda a equipe da Coordenadoria que está trabalhando comigo neste momento.
Temos problemas históricos como a falta de professores e ainda problemas na infraestrutura de muitas escolas. Quais serão os principais desafios da nova Coordenadora?
Quando nós falamos em problemas na área da educação, costumo dizer que problemas existem em todos os lugares, seja em municípios pequenos como Itá (cidade catarinense), com seis mil habitantes, de onde venho, como também em municípios como Caxias do Sul que é maior, com mais de 500 mil habitantes. O que muda é a proporção dos problemas. Não gosto de chamar de problema, pois é uma palavra muito ruim, prefiro usar "interpéries" que é mais ameno. Na questão de falta de professores, nesta terça-feira (17), passei no setor de Recursos Humanos e dei uma olhada nos números e, hoje, aqui na nossa região, estão faltando oito professores. Sei que no início do ano foi bem complicado, mas no decorrer do tempo foi se tentando sanar isso e hoje nós estamos com oito professores em aberto para contratação em um universo de quase três mil docentes. Isso então é natural, porque são laudos que entram toda a semana, afastamentos por doença, atestados médicos variados e a gente precisa cobrir essas situações.
Sua escolha gerou uma certa polêmica. O próprio CPERS/Sindicato afirmou que sua nomeação foi política e não curricular e técnica como defendeu o governo do Estado. Como a senhora avalia esse posicionamento?
Pra mim o CPERS/Sindicato é um parceiro da educação. Nós trabalhos em conjunto na educação. Eu entendo e respeito muito o posicionamento do CPERS/Sindicato e suas reivindicações que na grande maioria são legítimas. Com relação ao meu histórico político em caso de trabalho, que venho de Itá (SC) ... sim. Eu venho de uma cidade onde eu era filiada a um partido político. Mas meu histórico político partidário no meu município, ele não interviu de forma nenhuma para a minha contratação na Coordenadoria pois eu passei por um processo de seleção e todos que passaram pelo processo, inclusive colegas da região de Caxias do Sul, sabem o quanto foi difícil, o quanto cada uma de nós precisou se dedicar, estudar, fazer as entrevistas inclusive com especialistas em legislação. Então nós passamos por um processo. Se no decorrer desse processo se entendeu que o meu perfil estava adequado a atuar na Coordenadoria, foi pelo meu perfil de trabalho, pela forma como eu trabalho e se olharem todo o meu histórico de trabalho vão ver que meu perfil é muito técnico. O meu partido, sempre costumo dizer, é a educação. Porque educação não se faz com política. Educação se faz com pessoas.
Atualmente a senhora permanece filiada a um partido político?
Sim. Sou filiada a um partido político do município de Itá (SC), o MDB, e não tem nada a ver, repito, com a conjuntura política aqui da região, tanto é que eu vim pra cá e me indagaram na primeira semana sobre isso e eu disse: olha ... se me perguntar o nome do prefeito eu não vou saber dizer. Se vocês me perguntarem o nome de alguma figura política daqui do MDB, aqui da região, tão pouco. Então eu vim bem leiga e repito que a minha função aqui ela é técnica e em prol da educação sem envolver nem um tipo de política ou partido político.
Professora Viviane, aqui em Caxias do Sul nós temos uma questão, em particular, que são os problemas de infraestrutura no Instituto Cristóvão de Mendonza. Uma determinação judicial obriga o Estado a realizar obras de reforma na Instituição. Como está essa tramitação?
Como foi uma demanda judicial ela está tramitando diretamente na Secretaria Estadual da Educação (SEDUC). Conversei na segunda-feira (16), com a direção do Cristóvão e foi me pontuado algumas situações em relação a infraestrutura que se deve melhorar e que se deve olhar com carinho para o Cristóvão. Nossa intenção é, sim, melhorar essa situação oferecendo aos alunos uma estrutura melhor dentro das possibilidades da situação econômica do Estado. Nós sabemos dessas questões pontuais de infraestrutura, mas também é bom que se fale das obras que estamos fazendo. Nós temos muitas obras em andamento também em Caxias do Sul, como na escola Abramo Eberle, que está passando por uma reforma elétrica com um montante de R$ 200 mil, a Irmão Guerino , com reforma elétrica de R$ 200 mil. Também a João Pilatti, com reformas na questão da acessibilidade no valor de R$ 100 mil. Temos um total de dez obras andando em Caxias e em outros municípios como São Marcos e Farroupilha. Estamos fazendo o que é possível no que diz respeito a obras.
Ainda sobre o Cristóvão, a intenção do Estado e da 4ª CRE é fazer algumas obras, mas não necessariamente no valor de R$ 30 milhões como estava previsto?
A equipe da engenharia do Estado está analisando novamente o projeto e vendo a viabilidade econômica para fazê-lo. Está nesse andamento. Não temos como dizer sim ou não, mas está sendo analisado com muito carinho essa possibilidade em fazer o que precisa ser feito nessa escola.
A Assembleia Legislativa aprovou nesta terça-feira (17), a contratação e prorrogação de contratos emergenciais na Educação para todo o Estado. Já existe alguma solicitação de demanda necessária para a região da 4ª CRE?
Em relação ao número de docentes que estariam disponíveis a partir disso para a 4ª CRE, nós estamos fazendo um levantamento para saber também, a relação do número de turmas que estará disponível para o próximo ano, como número de alunos e tudo mais. Hoje não saberia dizer com precisão, até seria inconsequente da minha parte trazer um número, qual a demanda necessária. É preciso fazer um levantamento sério. Um levantamento bem 'pés no chão' para que a gente possa repassar para o Estado um número adequado de docentes.