A morte de João Brambilla, aos 101 anos, comoveu a comunidade de São Francisco de Paula. Sob forte neblina, dezenas de familiares, amigos e colegas de trabalho se despediram de Nono, como era carinhosamente conhecido, em cerimônia no cemitério municipal, na tarde desta terça-feira (28).
— Quem conviveu com ele, sempre tem uma boa lembrança. Estava sempre sorrindo, nunca brigou com nenhum filho — recorda a caçula Ângela de Fátima, 54 anos.
— A pessoa que passa 101 anos semeando o bem, deixa apenas coisas boas — completa um dos netos, o mecânico industrial Cleber Brambilla Dutra.
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E boas memórias é o que não falta. Natural de Nova Milano, no interior de Farroupilha, Brambilla se mudou para São Francisco de Paula em 1961, para ajudar na construção da igreja matriz. Trabalhou também na construção da sede da Sociedade Cruzeiro, do Posto de Saúde Central e do ginásio de esportes, além de ajudar na reforma da rodoviária.
Mais tarde, nos anos 1980, passou a colaborar na manutenção do Hospital São Francisco de Paula, o que lhe rendeu a carteira assinada em novembro de 2005, já com 88 anos. Desde então, foram 13 anos de dedicação à horta que fornece verduras e hortaliças para a alimentação dos pacientes.
— Era uma figuraça. Todos os dias, chegava às 13h10min, tomava um cafezinho e depois trabalhava. Sempre bem disposto, sempre contando piadas — relata o administrador do hospital, Eduardo Iotti.
A disposição para o trabalho era tamanha, que Brambilla só deixou de frequentar o hospital há exatos 30 dias, quando a saúde começou a ficar mais debilitada.
— O Nono foi companheiro de obras do meu avô. Então, era como se ele fosse um pouco meu avô também. A gente criou um vínculo, um afeto _ afirma a auxiliar de faturamento Graziele da Silva Pereira, que todos os dias servia o café de boas-vindas ao veterano colega de hospital.
Na comunidade, a admiração não era diferente. Vizinha por cerca de 35 anos, a aposentada Maria Helena Frezza diz que se inspirava na força de vontade do Nono Brambilla:
— Era alguém que a gente admirava muito. Todo dia ele passava caminhando em direção ao hospital, com a sacolinha de verduras, com a bengalinha. Vai deixar saudades — resume Maria Helena.
Devoto de Nossa Senhora Aparecida, o Nono acendia uma vela à padroeira do Brasil todos os dias e, aos domingos, não perdia às missas na televisão. Também era um gremista fervoroso. Nas paredes de casa, quadros lembravam as principais conquistas do tricolor gaúcho, como a Libertadores e o Mundial de 1983.
— Eram suas paixões: a família, o trabalho e o Grêmio — recorda o filho Aldemir Miguel, mais conhecido como Pingo.
João Brambilla completaria 102 anos em 24 de junho. Ele deixa os filhos Luiz Antônio, Rudimar José, Aldemir Miguel e Ângela de Fátima, além de seis netos e quatro bisnetos.
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