Os tremores sentidos na região leste de Caxias do Sul na noite desta segunda-feira (12) assustaram muita gente — foram cerca de 200 ligações ao Corpo de Bombeiros entre as 21h e às 23h — mas o fenômeno é considerado de baixa intensidade por especialistas.
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Tampouco foram registrados grandes danos nas residências, mas moradores de pelo menos cinco bairros relataram ter ouvido barulho intenso antes do primeiro tremor, o que gerou a suspeita de que o fenômeno teria sido provocado por uma detonação.
A hipótese, porém, foi excluída pelo geólogo Caio Vinícius Torques, da Secretaria Municipal do Meio Ambiente. Ele explica que o tremor foi percebido sismógrafos (instrumento que detecta as vibrações da terra) mais distantes da cidade, o que indica que não teve origem na superfície, como ocorreria no caso de uma explosão provocada.
— Para detectar exatamente a profundidade, teria que ter sismógrafos muito próximos da região. O mais próximo é o de Canela, há cerca de 40 quilômetros, mas também foi detectado por outros. Então, não se consegue uma precisão maior, mas o tremor foi em pouca profundidade, questão de 100 a 200 metros do solo — aponta.
O Centro de Sismologia da Universidade de São Paulo (USP) detectou um tremor de magnitude 2 na Escala Richter às 21h07min e outro de 1,8 às 21h23min. Entre os dois fenômenos, o geólogo diz que ocorreram outros tremores que, por ter intensidade menor, não puderam ser quantificados. Não há explicação única para o fenômeno, mas Torques classifica o ocorrido como "natural", em decorrência das características do solo da região.
— Temos histórico de vários tremores semelhantes e é um evento comum na formação geológica que existe aqui, que é a rocha basáltica. Ela é intensamente fraturada, então existem acomodações dos blocos de rocha sobre a superfície, que geram tremores. Quando ocorre numa área urbana é bem sentido, porque tem vibração das paredes, de janelas, especialmente em prédios mais altos — explica.
Pela manhã, o geólogo conversou com integrantes do Centro de Sismologia da USP, que monitora os sismógrafos. Por causa da distância do equipamento mais próximo e da baixa intensidade do fenômeno, ele diz que não é possível dizer exatamente qual foi o epicentro do tremor, apenas que ocorreu em Caxias do Sul.
Apesar do susto, Torques garante que a região não está sujeita a abalos mais intensos, como os que ocorrem no Chile ou na América Central, por exemplo.
— Não são tremores relacionados a movimentos de placas tectônicas. As acomodações (de rochas) são sismos mais moderados, a rocha basáltica é intensamente fraturada e as fraturas são preenchidas com água, então às vezes alguma extração de água ou alguma uma movimentação desses fluxos subterrâneos geram tremores como o que foi sentido ontem. Mas dificilmente teríamos tremores mais fortes — reforça.