Dados do Censo Escolar realizado em 2017 mostram que apenas 30% das escolas públicas de Caxias do Sul contavam com laboratórios de ciências. Entre elas, está a escola municipal de ensino fundamental Presidente Castelo Branco, no bairro Fátima. A instituição mantém, inclusive, um Clube de Ciências, no contraturno escolar, há 29 anos. São 86 alunos do 5º e 6º anos contemplados em 2018. O que os alunos que frequentam o projeto mais gostam de fazer são experimentos científicos simples, mas eficientes na tarefa de despertar a curiosidade.
Alex Fogaça da Silva, 12 anos, usa copinhos, bicarbonato de sódio e vinagre para imitar um vulcão. Já Emilly Prates de Oliveira, 11 anos, prefere o experimento da vela.
— A gente bota um prato e coloca uma vela. A gente coloca água dentro do prato e coloca um copo em cima da vela. Daí, sobe a água e acaba o oxigênio dentro - explica.
Maria Eduarda Longhi Terres, 12 anos, gosta de ver o ovo flutuar na água com sal enquanto afunda no líquido com açúcar. Nesse caso, as lições são sobre densidade da água, mas existem outras que também são propagadas pelos estudantes fora da escola.
— Eu posso mostrar para as pessoas como a gente pode usar e reciclar o nosso lixo - comenta a menina
Um exemplo é o sabão em que eles reaproveitam o óleo de cozinha. Além de conhecer os processos químicos, os estudantes aprendem sobre reaproveitamento de materiais. Com auxílio da professora Paula Madalosso Monteiro, também calculam o preço de cada pedaço do sabão. O dinheiro obtido com a venda do produto é revertido para a compra de materiais do clube. Localizada em uma área de vulnerabilidade social, a escola também considera o clube um instrumento importante para fornecer novas perspectivas aos estudantes, como explica Paula.
— O objetivo do Clube de Ciências é trazer os alunos para dentro da escola por mais tempo, é despertar neles o gosto pelas ciências, valorizar que eles gostem da disciplina de ciências e cuidem do meio ambiente, e fazer com que eles consigam desenvolver projetos importantes para a comunidade escolar.
Embora costumem atrair os estudantes, os laboratórios de ciências ainda são incomuns na rede municipal de educação de Caxias. Conforme dados do Censo Escolar de 2017, 13% das escolas municipais de ensino fundamental contam com esse recurso.
Em 2012, o Conselho Municipal de Educação considerou recomendável a existência de laboratório nas escolas de ensino fundamental, mas salientou que a sala de aula também pode ter essa função se organizada devidamente. Para a secretária municipal da Educação, Marina Matiello, essa é a explicação para o baixo percentual de escolas com laboratórios. Segundo ela, as verbas para essas estruturas são federais ou da autonomia financeira das instituições.
Na rede estadual, o percentual de escolas com laboratórios é maior. Segundo o Censo Escolar, 54% dos colégios contam com o espaço. Uma das explicações é que o Estado é responsável principalmente pelo ensino médio, quando as aulas de Ciências passam a ser obrigatórias. A titular da 4ª Coordenadoria Regional de Educação (CRE), Janice Moraes, comenta que o planejamento dos professores é um fator que pesa no uso desses espaços.
— Depende do interesse do professor também, porque é claro que o aluno adora. Hoje, existe também muito material que é levado para a sala de aula. Então, se o laboratório não tem muitas condições de atender a turma toda ou o professor acha difícil controlar a turma toda, ele leva o material para a sala de aula. Mas a nível de experiências é bem mais interessante no laboratório.
Em 2017, o Censo Escolar contabilizou 142 escolas públicas em Caxias do Sul para atender ao ensino fundamental e médio. São 85 municipais, 56 estaduais e uma federal.
Leia também
Desde o ano passado, mais de 50 animais silvestres vítimas de acidentes foram resgatados em Caxias
Comissão da Maesa, em Caxias, vai definir modelo de edital para estudo arquitetônico de ocupação
Homem encontra corpo caído em pátio de residência em Caxias
Educação foi a área que recebeu mais investimentos em Caxias do Sul