Neste ano, a Guarda Municipal de Caxias do Sul ganhou três viaturas usadas para ampliar as ações na cidade: uma caminhonete Blazer, um Clio sedan e um utilitário Doblò. Se por um lado o fato é motivo de comemoração, por outro explicita o pouco investimento que a corporação recebe por parte da prefeitura, considerando que o setor é tratado como prioritário em peças publicitárias e no projeto de governo. Os veículos não vieram de investimentos do Executivo, mas, sim, de doações da Receita Federal e da Fundação de Assistência Social (FAS).
A Secretaria Municipal de Segurança Pública e Proteção Social, que faz a gestão da Guarda, é uma das pastas em que os gastos continuam sendo mais direcionados à manutenção da folha de pagamento dos servidores do que para uma expansão significativa do serviço, tanto em tecnologia quanto em equipamentos, o que é pouco para um setor criado especialmente para combater a violência em Caxias do Sul.
Embora a segurança não seja uma obrigação do município, é um setor que vem perdendo recursos. E a situação não é exclusiva do governo Guerra. Em 2015, na gestão de Alceu Barbosa Velho, o investimento total na área chegou a R$ 28,37 milhões, sendo que 23% (ou R$ 6,58 milhões) foram efetivamente aplicados em repasses para instituições conveniadas como o Conselho Comunitário Pró-Segurança Pública (Consepro), compra de material de consumo, equipamentos e obras. No ano seguinte, os custos com repasses e aquisições de equipamentos baixaram para R$ 6,07 milhões, dentro de um gasto total de R$ 30,8 milhões.
Em 2017, já na gestão de Daniel Guerra, o valor dos investimentos caiu ainda mais: para R$ 3,96 milhões, ou pouco mais da metade do que havia sido executado no ano anterior, segundo o Portal da Transparência. No mesmo período, os gastos totais da pasta reduziram para R$ 27,8 milhões, patamar menor do que havia sido realizado em 2015. Foi também um período marcado por polêmica, pois houve a suspensão de recursos para o policiamento comunitário da Brigada Militar (BM) devido a problemas de convênio.
Na gestão de Guerra, a melhoria mais visível foi a compra de 60 coletes balísticos e 51 pistolas para equipar a Guarda em abril deste ano, o que consumiu R$ 242 mil, segundo o Portal da Transparência. O aparelhamento do arsenal pode parecer bom, mas ainda é preciso mais. Servidores afirmam que é necessário comprar viaturas para substituir as antigas _ o carro mais novo é de 2014 e o mais velho, de 2006. Hoje, o efetivo da Guarda é de 179 servidores, sendo que o mínimo previsto por lei seria 200 guardas para uma cidade com até 500 mil habitantes, caso de Caxias do Sul. Não há sequer previsão de quando a prefeitura reforçará os quadros da corporação e, se de fato, o fará nesta gestão.
As perspectivas não são nada animadoras em 2018. O orçamento para este ano é de R$ 26,78 milhões, o menor dos últimos quatro anos. Contudo, como trata-se de uma previsão, nada garante que ele será executado na totalidade devido à queda de receita, sinal de que o grau de investimentos deve seguir sem novidades.
A esperança do atual secretário municipal da Segurança, Clóvis Juvenal Pacheco, é obter financiamento do Sistema de Segurança Integrada com os Municípios para aprimorar o setor. Mas o município ainda está na fase de estudos e levantamento de um projeto para modernizar e aparelhar os equipamentos na cidade.