Maiara Perottoni fez com que Forqueta vibrasse a eleição de uma rainha da Festa da Uva quase uma década após a mesma comunidade celebrar Tatiane Frizzo, rainha eleita em 2009. Maiara carrega no seu discurso a necessidade de valorização da agricultura - e tem propriedade nesta fala. Isto porque é filha de agricultores e noiva de um jovem agricultor, Édipo Stirle, 29 anos. Não vê problemas, portanto, em permanecer morando no interior.
— Minha maior missão neste momento é valorizar um pouco mais a agricultura. Hoje estamos perdendo os jovens que estão no campo, e são eles quem nos geram toda essa riqueza. É preciso também buscar políticas públicas para quem trabalha com frutas, por sermos os maiores hortifrutigranjeiros do Estado —defende.
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O desfile individual de Maiara começou às 21h38min quando pisou na passarela ao som da clássica L'italiano, música que reforça as origens e gostos de um imigrante italiano. Durante quase cinco minutos ela desfilou, acenou, jogou beijos e se emocionou diante da afinada e ensaiada torcida. O traje rosa que vestia era carregado de significado. Foram recuperados de uma foto de novembro de 1945 os riscos de bordado que remetem a uva. Naquela imagem que estampou uma revista, estavam os tataravós de Maiara, Arthur Perottoni e Maria Bampi Perottoni, celebrando suas bodas de ouro. Arthur é um dos nomes ovacionados por Maiara a cada entrevista que concede. Isto porque ele se instalou em Forqueta na década de 1920 e fundou a primeira cooperativa da América Latina, feito que a orgulha tanto que usou a letra dele para transcrever uma mensagem na anágua do vestido.
— Eu estou usando o anel de noivado da minha avó, e na anágua está escrito, exatamente com a letra do meu avô, a participação dele na construção da Festa da Uva e na Cooperativa Forqueta, e também a importância da esposa na vida dele, comemorando os 50 anos de casado — explica.
Além de Forqueta, Maiara é também representante de Lorigraf e Supermercados Andreazza. As cerca de 5,5 mil pessoas que estavam nos Pavilhões da Festa da Uva reconheceram Maiara como soberana às 00h29min, na voz do ator global Thiago Lacerda. Recebeu a coroa das mãos da rainha da edição de 2016, Rafaelle Galiotto Furlan. Após, foi abraçada pelas 14 embaixatrizes e em seguida pelas duas princesas, Milena Caregnato e Viviane Piamolini Gaelzer.
— Foi um choque e demorou um pouquinho para assimilar que era meu nome que foi dito ali. Vai ter amizade e união entre nós três, porque nos inspiramos no atual trio, de 2016, que era muito unido — disse Milena, emocionada em enxergar a avó de 95 anos, Esterlina Caregnato, acompanhando os desfiles na noite fria dos Pavilhões.
— Fiquei muito surpresa em ouvir meu nome porque éramos em muitas meninas preparadas, e agora assumimos uma responsabilidade com Caxias, com a festa. Responsabilidade em dar continuidade ao trabalho que estava sendo feito. Nosso papel de princesas é agregar e alavancar o trabalho da rainha — adianta Viviane.
Era mais de 1h da madrugada do domingo, que marcava 8ºC, quando Maiara conseguiu alguns segundos para acenar e gesticular agradecimentos à família. A ansiedade de ir ao encontro de Forqueta - que preparava até carreata próximo das 2h - era grande:
— Minha comunidade é 10. Nós, de Forqueta, estávamos precisando deste momento.
