Entre 1º de janeiro e 31 de dezembro, foram 156 mortes no trânsito da Serra Gaúcha, um aumento de 15% em relação a 2016. A ERS-122, a BR-470 e a RSC-453 são os endereços com mais mortes.
Historicamente, rodovias que atravessam as cidades da Serra são os pontos que concentram o maior número de mortes. A estrada que lidera o ranking de ocorrências fatais em 2017 é a ERS-122, que passa pelos municípios de São Sebastião do Caí, São Vendelino, Farroupilha, Caxias do Sul, Flores da Cunha, Vacaria e Ipê. Vinte vítimas perderam a vida na rodovia em 2017. O maior número de acidentes envolveu colisões. Segundo o comandante do Grupo Rodoviário da Brigada Militar de Farroupilha, tenente Marcelo Stassak, a sinuosidade da rodovia, somada à imprudência dos motoristas, contribui para o alto índice de gravidade das ocorrências.
_ Mesmo com toda acentuação da rodovia, os motoristas não diminuem a velocidade. Há trechos como na subida da serra, e também entre Farroupilha e Caxias, que concentram grande fluxo diário de carros e necessitam de maior atenção _ ressalta.
É também estadual a rodovia que ocupa a terceira colocação no ranking de acidentes fatais: trata-se da RSC-453, que liga a Serra ao litoral. Das 12 mortes, sete aconteceram na Rota do Sol. Mesmo com asfalto em melhores condições e fiscalização fixa, como pardais, falta sinalização ao longo da estrada, além de mais cautela aos condutores. A importância do cuidado com a velocidade é ainda mais presente entre o trevo da Codeca, no bairro Santa Fé, até o distrito de Vila Seca, reitera Stassak. Por ser um trecho de acesso a bairros e, portanto, com movimentação de pedestres, está sujeita a desfechos trágicos, como o atropelamento de Giovane da Silva Gonçalves, 10 anos. Ele morreu após ser atingido por um caminhão no km 141, no Santa Fé.
_ Esperamos que, com a remoção das famílias na beira da rodovia, acabe reduzindo também o número de acidentes_ estima Stassak.
BR-470 é mais violenta que BR-116
Tanto a BR-116 quando a BR-470, rodovias federais que cruzam a Serra, amargam altos índices de acidentalidade. No entanto, a BR-470, principalmente no trecho entre Bento Gonçalves e Carlos Barbosa, ultrapassa o número de mortes registradas na 116 entre Caxias e Vacaria. Levantamento do Pioneiro contabilizou 16 mortos na BR-470. Oito óbitos foram em Garibaldi _ em uma única ocorrência, quatro perderam a vida próximo ao trevo da Telasul, em uma colisão registrada em 20 de janeiro de 2017.
_ A maior parte das vítimas são homens, de 20 a 45 anos. E o que mais notamos é que há outros pontos de acidente ao longo da rodovia, como o trevo do Posto do Avião_ opina Jorge Castro, comandante dos Bombeiros Voluntários de Garibaldi, um dos órgãos que presta socorro às vítimas ao longo da estrada.
A BR-470 conta com um importante aliado na redução de acidentes desde o fim do ano. Com a entrega da nova rotatória no entroncamento com a RSC-453, conhecido como trevo da Telasul, o número de ocorrências reduziu em 80%, segundo levantamento dos bombeiros. Dados da Polícia Rodoviária Federal de Bento Gonçalves (PRF) confirmam a redução: são 154 acidentes a menos atendidos de 2016 para 2017. No entanto, há muito a evoluir no comportamento dos motoristas.
_ As pessoas têm asfalto e sinalização em ótimas condições, e parecem que insistem em fazer conversões onde é proibido, como no acesso ao trevo da Chandon. Tanto que é ali que reforçamos a fiscalização_ adianta o policial rodoviário Paulo Victor de Oliveira Salles.
A BR-116, no trecho entre Caxias do Sul a Vacaria, contabilizou 12 mortos, segundo levantamento do Pioneiro. O órgão não divulgou as estatísticas de 2017.
Número de atropelamentos quase dobra em Caxias
Caxias do Sul é a cidade com maior número de mortos no trânsito em 2017 na Serra. Entre as estatísticas, uma das que mais chama atenção é o aumento nos atropelamentos. Se em 2016 nove pessoas perderam a vida atropeladas, o número subiu para 16 em 2017, crescimento de 44%. Os dados da Secretaria Municipal de Trânsito, Transportes e Mobilidade apontam, ainda, aumento de 47% no número de ocorrências com morte na área urbana de Caxias.
_ Não há um ponto crítico na cidade, mas sabe-se que à tarde acontecem mais acidentes. E sábados e domingos são os dias que mais há mortes _ adianta o gerente da Escola Pública de Trânsito, Carlos Beraldo.
Para tentar reduzir esse número em 2018, a secretaria já planeja ações de conscientização, entre elas o projeto Vida no Trânsito, em que é levantado um perfil dos acidentes e das vítimas. A partir disso, é formada uma parceria com entidades para pensar em estratégias. O programa necessita de convênio com o Estado, mas as conversas já começaram, segundo Beraldo.
As infrações de trânsito também continuam com números elevados na cidade. De 17 de novembro de 2016 a 16 de novembro de 2017, 3.696 motoristas foram autuados nas blitze da Balada Segura. Desses, 763 estavam embriagados ou se recusaram a fazer o bafômetro. Nesse período, as operações totalizaram 8.004 abordagens. Desde novembro de 2011, quando as blitze tiveram início na cidade, foram abordados 83.510 motoristas, dos quais 6.180 estavam embriagados. Segundo Beraldo, depois de seis anos, o número de pessoas que bebem e dirigem ainda é muito alto.
* Colaborou André Fiedler, da Rádio Gaúcha Serra
ESTATÍSTICAS
VÍTIMAS DE JANEIRO A 31 DE DEZEMBRO
:: Total: 156 pessoas perderam a vida em estradas da Serra
:: Cidade com mais vítimas: Caxias do Sul (43)
:: Mês com maior número de vítimas: outubro (19), julho e janeiro (18)
As vítimas:
:: Condutores são os que mais morrem no trânsito (59), seguido de motociclistas (39) e passageiros (35).
:: São 127 homens contra 29 mulheres: portanto, 81% das vítimas são do sexo masculino.
:: Tipo dos acidentes: colisão (104), atropelamento (26), capotamento (24), outros (1).
:: A faixa etária que mais morre é jovem: 25% das vítimas têm de 19 a 29 anos, seguido entre 30 e 39 anos.
:: As estradas mais perigosas: ERS-122 (20), BR-470 (16), RSC-453 (12) e BR-116 (12).