A Câmara de Vereadores de Caxias do Sul analisa um projeto de lei enviado na terça-feira pelo prefeito Daniel Guerra (PRB) que propõe a venda da farmácia do Instituto de Previdência e Assistência Municipal (Ipam). Em linhas gerais, o Executivo quer deixar de administrar o serviço e transformá-lo em 100% privado. Hoje, a farmácia já funciona como uma pessoa jurídica de direito privado, porém, mais de 99% de suas cotas pertencem à autarquia municipal.
Afetada pela crise econômica e pela presença de grandes redes de medicamentos na cidade, a Farmácia do Ipam já não consegue se manter financeiramente ativa. Com a venda, a prefeitura deixa de gerenciar o negócio e, consequentemente, deixa de somar as despesas do serviço aos cofres públicos. Ao longo dos últimos anos, o negócio experimentou queda expressiva nas vendas e aumento nas despesas fixas, como aluguel, vigilância armada e sistemas de cartões.
— Queremos é que a prefeitura deixe de ser sócia da farmácia. Isso porque já não conseguimos mais competir com as redes que se instalaram na cidade. Não conseguimos mais comprar medicamentos em grande quantidade e daí, não é possível ter um preço competitivo. Ou seja, são apenas despesas e pouca entrada de dinheiro, por mais esforço que a direção faça — argumenta o presidente do Ipam, André Wiethaus.
Enquanto aguarda a aprovação do Legislativo, a prefeitura optou pelo fechamento da única filial aberta na cidade. Dessa forma, os atendimentos ficarão concentrados na matriz, que fica na Rua Pinheiro Machado, 2.281. A decisão foi tomada justamente para equilibrar o caixa da empresa, já que a filial, localizada na Rua Alfredo Chaves, na esquina com a Rua Os Dezoito do Forte, foi prejudicada por duas grandes redes que se instalaram em endereços próximos. Conforme o presidente do Ipam, todos os funcionários da filial serão realocados na matriz. A expectativa é de que a loja feche no final de janeiro de 2018.
No início deste ano, a direção da farmácia, que chegou a ter seis lojas em Caxias, anunciou que poderia fechar completamente todas as unidades. Na época, a justificativa não tinha relação com a contenção de despesas e, sim, com a indicação de um inquérito civil do Ministério Público (MP).
A promotoria interviu por uma questão jurídica relacionada à denominação da farmácia, enquadrada como Ltda, que significa limitada. A reforma deveria transformar a empresa em S.A, ou seja, em companhia ou sociedade anônima. O processo não teve uma conclusão, o que também motivou o pedido de autorização para a venda total das ações.