Pessoas atônitas, andando de um lado para outro, prédios caídos, ruas cobertas por escombros e o céu tomado por nuvens de poeira. Esse foi o cenário testemunhado pelo caxiense Guilherme Casali, 33 anos, que vive há 10 anos na capital mexicana, quando um terremoto chacoalhou a região central do México na última terça-feira.
De acordo com o rapaz, que tem uma clínica de fisioterapia no país, o pânico foi grande, apesar de Polanco, o bairro onde ele mora, não ter sido o mais afetado pelos abalos.
— Eu nunca passei por uma experiência como essa antes. No momento dos tremores, eu estava em casa com a minha esposa, que está grávida de sete meses. Nós saímos correndo em direção à escada, a fim de sair do prédio para nos proteger. Ainda bem que não houve nenhum dano. Para nós, foi mais susto mesmo. Nós estamos bem — conta.
Na região de Condesa, onde vive o irmão de Guilherme, o empresário Daniel Casali, 43, os efeitos foram os piores. Nas ruas, os postes ficaram retorcidos, os veículos acabaram sendo soterrados por prédios caídos e muitas pessoas ficaram feridas.
— Meu irmão não chegou a se machucar, mas está bastante abalado com a dimensão da catástrofe. O prédio onde fica a empresa dele (uma gráfica) teve danos e está condenado. A gente percebe que, mesmo depois do terremoto, as pessoas seguem nervosas pelas perdas. É chocante, mas estamos tentando voltar ao estado de normalidade — lamenta Guilherme.
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Conforme o rapaz, para atravessar o momento de caos e tristeza, a população tem encontrado ajuda de grupos de voluntários, que têm feito surgir um sentimento de esperança na Cidade do México. Segundo Guilherme, as pessoas se articulam a todo o momento para distribuir mantimentos, como água e comida, além de equipamentos de sobrevivência e medicamentos.
— Muitos também estão auxiliando na retirada de corpos dos escombros. É emocionante presenciar essa união. Nesse momento é que você vê que os preconceitos acabam, pois estamos todos juntos trabalhando. Assim é que se monta uma rede de solidariedade grande — acredita.
De acordo com dados do sistema de Proteção Civil do governo mexicano, foram contabilizados até ontem ao menos 233 mortos. O balanço se mantém em 102 na Cidade do México, 69 no estado de Morelos, 43 em Puebla, 13 no estado do México, cinco em Guerrero e um em Oaxaca. Localizado entre cinco placas tectônicas, o México sofre os efeitos de um novo sismo neste mês. Em 7 de setembro, um terremoto de magnitude 8,1, o mais forte em um século, deixou 96 mortos e mais de 200 feridos na região Sul, especialmente nos estados de Oaxaca e de Chiapas.