Um levantamento divulgado pelo setor de estatísticas da Secretaria de Trânsito, Transportes e Mobilidade (SMTTM) de Caxias do Sul a pedido do Pioneiro mostra que a maioria dos acidentes de trânsito acontecem em locais com grande fluxo de veículos e bem sinalizados.
Dos 15 trechos com mais colisões em 2016, a maior parte ocorreu em cruzamentos, como o das ruas Dr. Montaury e Dom José Barea, no bairro Exposição, onde 30 acidentes foram registrados em todo o ano passado, e em rotatórias, como a Rótula da Randon, na Avenida Ruben Bento Alves, que aparece em segundo lugar na lista de pontos críticos, com 24 colisões. O número de acidentes em Caxias pode ser bem maior, já que muitos motoristas não registram a ocorrência.
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Mesmo que a prefeitura busque, de forma pontual, resolver problemas viários, a imprudência ainda é a principal causa dos acidentes, dizem especialistas. Basta observar uma via de movimento contínuo como, por exemplo, a Rua Rodrigues Alves, no bairro Cruzeiro, para perceber o excesso de velocidade e o desrespeito com os semáforos. Em outros pontos da cidade e, principalmente, na área central, pedestres também são ignorados. Um exemplo é o cruzamento entre as ruas Pinheiro Machado e Andrade Neves, que registrou 16 acidentes no ano passado.
– Mais da metade das colisões e atropelamentos é por imprudência. É aquele pisca não ligado, a ultrapassagem pelo lado errado e o desrespeito com outras centenas de regras de trânsito. Os motoristas precisam entender que o seu comportamento tem relação direta com a sua sobrevivência no trânsito. Obviamente, existem casos de fatalidade, mas o dia em que tivermos um comportamento pensando na segurança e em proteger a própria vida, certamente os acidentes irão diminuir drasticamente. E isso vale para condutores de qualquer veículo – afirma o especialista em trânsito, Sadi Camargo Bortolon.
Em todo o ano passado, a cidade registrou 4.820 colisões, uma redução de 12,6% no total registrado em 2015, quando 5.515 ocorrências foram atendidas por fiscais de trânsito. Os locais que figuram entre os 15 mais problemáticos foram estudados por técnicos e pelo secretário da SMTTM, Cristiano Abreu Soares: alguns já receberam modificações, como alteração no tempo dos semáforos, colocação de tachões para evitar conversões proibidas e instalação de redutores de velocidade. Locais que não aparecem nesta lista de pontos críticos, mas acumulavam reclamações da população também foram vistoriados.
– Fui pessoalmente em cada lugar, conversei com moradores e tentamos solucionar de alguma forma. Mas, infelizmente, estamos nas mãos da imprudência. Quando a forma de dirigir mudar, certamente teremos mais segurança no nosso trânsito – acredita Soares.
Motociclistas são as principais vítimas
A imprudência também é a maior causa de acidentes motociclistas. Ao lado dos ciclistas e pedestres, eles também engrossam as estatísticas de violência no trânsito e figuram entre as principais vítimas de acidentes fatais. Somente em 2016, a Secretaria Municipal de Trânsito de Caxias registrou uma média de dois acidentes por dia envolvendo este tipo de veículo.
A gravidade de uma ocorrência com moto é 90% maior do que as que envolvem automóveis. Para se ter uma ideia, de acordo com a Seguradora Líder, responsável pelo seguro DPVAT, no ano passado, mais de 19 mil indenizações por morte de motociclistas foram pagas no Brasil. Outras 410 mil foram pagas por invalidez.
De acordo com um estudo apresentado pelo sociólogo e especialista em segurança no trânsito Eduardo Biavati, a conduta de risco do motociclista determina a morte e o acidente. A prática de usar o "corredor", o avanço do sinal vermelho, a conversão proibida e a contramão são as causas principais dos óbitos. Desde o final do século passado, conforme o especialista, os acidentes sobre duas rodas vêm modificando um padrão de mortalidade, que antes se concentrava nos pedestres. O estudo também relata que o aumento no número de motos circulando pelas cidades pode contribuir com o número de acidentes.
– Apesar de Caxias não registrar índices alarmantes sobre mortes de motociclistas, é preciso conscientização. Temos que proteger vidas e possibilitar que os quase 63 mil condutores de moto tenham uma expectativa de vida maior – ressalta Carlos Beraldo, responsável pelo setor de estatísticas da Secretaria de Trânsito, Transportes e Mobilidade de Caxias.
Desde que teve início o programa nacional Década de Ação pela Segurança no Trânsito, em maio de 2011, o número de mortes em acidentes diminuiu. Em 2010, 67 motociclistas morreram em acidentes na área urbana de Caxias. Já em 2014, quando teve início a campanha Maio Amarelo, esse número foi de 52. No ano passado, o número caiu praticamente pela metade.
– O que fazemos é educar os condutores, independente do veículo. A Escola de Trânsito procura desenvolver projetos que incentivem a prevenção da vida, com foco na educação e buscando uma mudança de comportamento no trânsito. A maioria dos acidentes de Caxias são apenas danos materiais, mas é preciso persistir com esse trabalho para reduzirmos cada vez mais o número de mortes e feridos – afirma Beraldo, que também é gerente da Escola Pública de Trânsito de Caxias.
LISTA DE PONTOS CRÍTICOS EM 2016
1º Rua Dr. Montaury com a Rua Dom José Baréa
2º Rua Atílio Andreazza com a Avenida Ruben Bento Alves
3º Avenida Bruno Segalla com a Avenida São Leopoldo
4º Avenida Ruben Bento Alves com a Rua Ludovico Cavinato
5º Rua Moreira César com a Avenida Rubem Bento Alves
6º Avenida Salgado Filho com a Avenida Bruno Segalla
7º Rua Pinheiro Machado com a Rua Andrade Neves
8º Avenida Bruno Segalla com a Rua Ernani Aguilar Correa
9º Rua Angelo Chiarello com a Rua Pio XII
10º Rua Angelo Chiarello com a Frei Pacífico
11º Rua Conselheiro Dantas com a Avenida Ruben Bento Alves
12º Rua Frei Pacífico com a Rua Antonio Ribeiro Mendes
13º Avenida Bruno Segalla com a Avenida Bom Pastor
14º Rua Os Dezoito do Forte com a Rua Feijó Junior
15º Rua Carlos Bianchini com a Rua Matteo Gianella
*Fonte: Secretaria Municipal de Trânsito, Transporte e Mobilidade