Oferecendo sessões de cinema com recursos como a audiodescrição, as legendas e a língua brasileira de sinais (Libras), o Festival de Cinema Acessível quer mostrar que a inclusão, muito mais do que possível, é urgente. O projeto reuniu cerca de 30 espectadores neste sábado e promove mais uma sessão às 15h deste domingo, com exibição do filme O Tempo e o Vento. A entrada é franca.
– 24% da população brasileira tem algum tipo de deficiência, mas vivemos numa cultura excludente na qual aprendemos desde pequenos a não olhar para quem tem uma deficiência, nossos pais sempre diziam: "não olha que é feio". Mas se não olhamos essas pessoas acabam desaparecendo. Sim, nossos somos todos diferentes e esse projeto valoriza essas diferenças – disse o idealizador da iniciativa, Sid Schames, antes do filme 2 Filhos de Francisco ocupar a telona, no sábado.
– Eu adorei, deu para entender tudo que tinha no filme, tristeza alegria, romance – disse Paulo Ricardo Macedo, 50 anos, que perdeu a visão por completo aos 36 e acompanhou o longa por meio da audiodescrição.
A inclusão que o festival propõe vai além da possibilidade de uma pessoa que não escuta ou não enxerga experimentar uma ida ao cinema, ela quer também mexer com os conceitos de quem não tem deficiência. Videntes – como são chamadas as pessoas que enxergam – dispostos a entender o cinema como alguém que não vê receberam vendas da organização do festival. A professora do Instituto da Audiovisão Glenda Lisa Stimamiglio sentiu um pouco de dificuldade para se concentrar com os olhos tapados, mas valorizou o caráter transformador da oportunidade de se colocar no lugar do outro.
– É uma alegria estar participando disso, mostra que possível as pessoas com deficiência e as sem deficiência experimentarem o mesmo espaço – elogiou.