Aguardado para março deste ano, o edital para a ampliação do serviço de táxi-lotação em Caxias do Sul deve ser lançado entre outubro e novembro. Na prática, com os trâmites burocráticos naturais de uma licitação, os novos azuizinhos só devem rodar a partir do próximo ano.
A previsão da Procuradoria-Geral do Município (PGM) é baseada nas rejeições do Tribunal de Justiça do Estado, com itens apontados como inadequados. Por isso, um novo documento precisará ser elaborado, já que o edital que regula o serviço é de 2000.
– Não é algo fácil e rápido. Em razão do tempo transcorrido e da quantidade de decisões exigindo adequações, será necessário fazer uma nova licitação, elaborada pela Secretaria de Transportes – afirma o procurador do município, Victório Giordano da Costa.
MURAL: Como você avalia o serviço de táxi-lotação em Caxias do Sul?
O novo processo promete qualificar o serviço, atualmente prestado por 21 micro-ônibus. Juntos, eles respondem pelo transporte de cerca de 8,5 mil passageiros diariamente. Com a ampliação, Caxias passará a ter 40 lotações. Para se ter uma ideia da necessidade da atualização, a frota não é trocada desde 2008, o que implica diretamente no cálculo da passagem. Por isso, andar nos azuizinhos custa R$ 0,15 a menos que no transporte coletivo comum.
– O lado positivo disso é que ganhamos um número grande de usuários – avalia o presidente da Associação Caxiense de Táxi-Lotação, Everton Luis Pereira Silveira.
Pessoas físicas poderão concorrer ao serviço
Entre as adequações da nova licitação, a mais significativa permite que pessoas físicas também concorram para prestar o serviço. Em outra mudança, a prefeitura não pedirá mais que os veículos tenham quilometragem zerada, mas que obedeçam a uma idade média e máxima, ainda não divulgadas.
Os veículos também deverão ter espaço para pessoas com deficiência, ar-condicionado e bilhetagem eletrônica. As linhas seguirão sendo circulares, sem que os passageiros tenham obrigação de desembarcar somente em paradas.
– No ano passado, já nos oferecemos à prefeitura para atualizar a frota com viaturas que tenham rampa de acessibilidade. O ônibus baixa 12 centímetros, fica próximo do cordão e a rampa é estendida. Mas sem licitação, não é possível nenhuma alteração na frota – afirma Silveira.
Atraso é reclamação
A defasagem da frota das lotações impacta diretamente na qualidade do serviço ofertado na cidade. Ainda que 80% dos usuários se digam satisfeitos em pesquisa recente encomendada pela Associação Caxiense de Táxi-Lotação, usuários entrevistados pelo Pioneiro indicam melhorias necessárias. Como pontos positivos, os passageiros destacam o conforto, o atendimento da maioria dos motoristas e a rapidez para chegar ao destino, comparando-se com as linhas comuns da Visate.
No entanto, o número reduzido de veículos faz com que alguns usuários fiquem em pé em horários de pico, ultrapassando a capacidade máxima de 19 passageiros. Outra reclamação constante é com relação aos horários, nem sempre cumpridos.
Motorista de táxi-lotação há dois anos, Fabrício Martins, 28 anos, diz que escuta reclamações sobre atrasos, que ocorreriam principalmente em função do número reduzido de micro-ônibus. A estudante Karina Catusso usa as linhas Ana Rech e Aeroporto para se deslocar à universidade, e considera que a qualidade do serviço decaiu muito ao longo dos anos:
– Cada dia é um horário diferente. Seria ótimo se a frota aumentasse, pois já esperei até 45 minutos para chegar um ônibus.
A linha Ana Rech é uma das que mais enfrenta problemas, conforme reconhece o presidente da Associação Caxiense de Táxi-Lotação, Everton Luis Pereira Silveira.
– Eu sei que hoje estamos atendendo mal a esta região, porque é uma linha demorada e com menos carros – aponta.
Usuária diária do serviço para se deslocar do bairro Presidente Vargas até o Centro, a terapeuta Edi Schunck afirma que não abre mão da praticidade das lotações, enquanto a agricultora Celonira Trevisan, que utilizava a linha UCS/Iguatemi na manhã de ontem, dizia se sentir mais segura andando nos azuizinhos.
Como ficarão os azuizinhos
– Lote A
UCS/Shopping/Desvio Rizzo: oito veículos
Ana Rech/Shopping: seis veículos
Colina Sorriso/ Bela Vista (linha nova): seis veículos
– Lote B
Rio Branco/Lourdes: oito veículos
Aeroporto/UCS: seis veículos
Fátima/São Caetano (linha nova): seis veículos
Duas novas regiões contempladas
Junto com o dobro de viaturas, duas novas linhas serão incluídas e atenderão a eixos opostos: a Colina Sorriso/Bela Vista e a Fátima/São Caetano, bairros não atendidos pelos táxi-lotação atualmente. Moradores da região do Colina Sorriso e Santa Lúcia Cohab reiteraram a necessidade do serviço em reunião, há cerca de dois meses, com o secretário de Trânsito, Transportes e Mobilidade, Manoel Marrachinho.
No bairro Cruzeiro, que já é atendido pelo sistema de táxi-lotação, a reclamação é para que o itinerário seja ampliado, segundo o líder comunitário Gilberto Suzin.
– Há regiões que não são atendidas, como o Pena Branca, que seria importantíssimo. Ampliar as linhas é nossa demanda – avalia ele.
O bairro São Caetano, um dos que passará a ter seis veículos após a licitação, também batalha para a implantação da nova linha: de acordo com a presidente da associação de moradores, Marli Salete de Oliveira, o pedido foi protocolado há dois anos na secretaria de Trânsito.
– Nos prometeram e isso gerou expectativa na comunidade. Mas até agora, nada mudou – lamenta.