Em meia década, uma população estimada em 15 mil pessoas, quase todas do Haiti e do Senegal, se deslocou do Caribe e da África para a Serra Gaúcha, num dos maiores fluxos de migração contemporânea do país. Com o Brasil em alta no cenário internacional e prestes a sediar uma Copa do Mundo, eles buscavam oportunidades de trabalho e um futuro longe da violência e devastação. A Serra, polo industrial e de serviços, foi o principal destino. A oferta de empregos era tamanha que faltava mão de obra.
Porém, o cenário virou rapidamente com a crise econômica e política, intensificada a partir de 2014. Milhares de postos de trabalho foram fechados, e os imigrantes acabaram lançados em uma armadilha da qual não conseguem escapar. Além do desemprego, eles enfrentam o racismo, a falta de domínio do português, dificuldades em trazer os familiares e resistências às suas culturas e crenças.
Ao longo de um mês, o Pioneiro foi ao encontro de personagens que vivem este dilema na Serra. São as suas histórias de drama e superação, invisíveis para quem deveria enxerga-las, que ilustram a série de reportagens que começa neste fim de semana – data que marca o Dia do Trabalhador – e vai até a próxima próxima quarta-feira, dia 4 de maio.