A vida de quem teve o centro de Caxias do Sul como caminho para as tarefas do dia a dia em 2015 não foi nada fácil. Transformadas em canteiros de obras, as ruas Sinimbu e Pinheiro Machado deram dor de cabeça a motoristas e passageiros de ônibus que perderam tempo e paciência em congestionamentos que se espalharam para as vias do entorno. Todo esse transtorno foi para a construção dos corredores de ônibus em concreto, que devem marcar o início da mudança na forma como os caxienses se deslocam. As informações são da Gaúcha Serra.
Tire dúvidas sobre as principais mudanças do SIM Caxias
O sistema troncalizado do transporte coletivo promete reduzir o tempo de deslocamento mesmo com o transbordo nas estações Floresta e Imigrante. Já os motoristas, vão ter que alterar roteiros, em troca da promessa de menos congestionamentos. O novo conceito de mobilidade foi apresentado em 2012 e a primeira mudança atingiu justamente o transporte privado. No dia 21 de agosto de 2014, quatro cruzamento da Avenida Júlio de Castilhos tiveram as conversões à esquerda proibidas na área central. Uma semana depois, foi a vez da Sinimbu ter as conversões à direita proibidas em dois pontos.
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Se a mudança inicial já causou impacto, as obras dos corredores exigiram ainda mais adaptação. No dia 2 de outubro de 2014 começou o primeiro canteiro de obras na Rua 13 de Maio, no pacote que forma o eixo da Rua Pinheiro Machado. Em 21 de janeiro deste ano foi a vez do trabalho começar na Sinimbu. Até o dia 24 de setembro, quando as obras da Sinimbu terminaram, muita lentidão foi registrada no centro, como lembra o taxista Primo Santini, que está otimista com as mudanças.
- Estava meio complicado, estava ruim. Parava, não andava. Tinhas dias que até fluía, mas no dia a dia era ruim para dirigir em Caxias.
Conforme o secretário de Trânsito, Manoel Marrachinho, as primeiras mudanças já permitiram um ganho no tráfego da Sinimbu. Antes, segundo ele, eram necessários 30 minutos para cruzar a via em horários de pico. Hoje é possível fazer o trajeto em 10 minutos. A velocidade comercial do transporte coletivo também melhorou 20%, segundo as primeiras avaliações.
O principal fator de melhoria apontado pelos técnicos, é a proibição de conversões, que evita a parada dos carros enquanto esperam pela manobra. Parte dos motoristas, no entanto, discordam das proibições, como o construtor Aroldo Stecanela, que também sentiu falta de melhor orientação durante as obras, embora considere que o trânsito já melhorou.
- Para mim é um problema, porque estou na Sinimbu e tenho a obra aqui do lado da prefeitura. Eu venho lá de São Pelegrino, pego a Sinimbu e não tenho onde dobrar à direita para ir à obra. Tenho que fazer sete ou oito quadras para conseguir dobrar, depois descer mais três ou quatro quadras para pegar a Rua Dr. Montaury e ir para a obra. Eles deveriam estudar um jeitinho para melhorar uma ou outra, para poder entrar à direita - observa.
Diante de tanta mudança, há quem esteja descrente na melhoria da melhoria da mobilidade na cidade, especialmente quem anda de ônibus. A atendente comercial Sandra Ribeiro Lopes leva 20 minutos entre o bairro Cruzeiro e o centro, em um ônibus geralmente lotado. O retorno, no final da tarde, costuma levar cerca de uma hora, devido ao horário de pico. Para ela, o transbordo em uma estação deve aumentar o tempo de deslocamento para o trabalho.
- Acredito que pode até piorar a situação. Eu, por exemplo, pego ônibus às 08h30min para trabalhar às 9h, levo 20 minutos. Se eu tiver que fazer transbordo, com certeza vou chegar atrasada no serviço e vou ter que pegar um ônibus mais cedo para chegar no horário - projeta.
Apesar de desconfiar das mudanças, a melhoria sugerida por Sandra é justamente um dos pontos-chave do novo sistema: a redução do trajeto das linhas dos bairros. Isso permite a implantação de mais horários, enquanto a ligação ao centro fica a cargo da futura linha Troncal.
Atualmente, segundo Marrachinho, as linhas dos bairros concorrem entre si na área central, já que fazem trajetos semelhantes. Dessa forma, os ônibus ficam quase vazios, o que, além de aumentar custos e impactar na tarifa, impedem a fluidez do sistema devido à quantidade de coletivos. De acordo com Marrachinho, resistências às mudanças são naturais, mas ele garante que o sistema atual está esgotado e que o novo modelo deu resultado onde foi implantado.
- Se você garantir que a pessoa gasta menos tempo no deslocamento, você pode impor, no sentido positivo da palavra, que a pessoa percorra uma distância maior. A variável do tempo do deslocamento tem mais importância do que a distância. Numa cidade menor, a gente privilegia a distância percorrida, numa cidade grande, o tempo. E, às vezes, para que haja menos tempo de deslocamento, é preciso disciplinar. Isso aumenta a distância percorrida, mas diminui o tempo do deslocamento - argumenta.
De ônibus ou de carro, 2016 será o ano em que os caxienses vão ter que reaprender a se deslocar pela cidade.