A maioria das pessoas fica contando os anos para se aposentar. Elas pensam em descansar depois de uma vida inteira de trabalho. Mas esse não é o caso do dentista Ubirajar Arison Dumcke, 67 anos, que exerceu a profissão por 37 anos.
Depois que parou de trabalhar, há quatro anos, ele começou a buscar o caminho da felicidade, ou seja, o porquê de estar fazendo parte deste mundo. Foi aí que relaxou e ficou alguns meses sem cortar o cabelo e a barba, que cresceram bem branquinhos.
As crianças começaram a lhe chamar de Papai Noel, e com isso, veio o insight.
- É isso! Vou ser Papai Noel - diz.
Depois de ter a ideia, toda a família apoiou o desejo de Dumcke. A esposa Magda e os três filhos (Tiago, 34, Maurem, 32, e Gabriela, 29) incentivaram o dentista. O idoso também é avô de Bernardo, três meses.
A família se encanta por tê-lo como o Papai Noel. Os filhos passam no Shopping Prataviera no final do expediente para verem o bom velhinho.
- Eu sou apenas um símbolo, mas o Papai Noel é uma coisa muito maior, como Cristo que nos ensinou a amar - explica.
Durante a conversa, Dumcke se emocionou ao falar que as pessoas estão muito preocupadas com o ter e esquecem do ser.
- As pessoas não levam nada daqui (quando morrem) e um dos caminhos é o que está fazendo neste momento. Às vezes, as pessoas nem sabem quem são. Não conhecem o que é o silêncio e precisam se encontrar - enfatiza.
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Animais
Natural de Sobradinho, Dumcke mora em Caxias do Sul desde os seis anos de idade. A sua infância foi maravilhosa e desde pequeno vivia com os animais, sempre no mato, conversando com a natureza.
A vocação o segue até hoje, já que ele transformou a sua casa em Ana Rech, onde já mora há 30 anos, em uma residência de passagem para animais doentes e machucados. Para isso, conta com a parceria de um veterinário que trata deles.
- É incrível como o ser humano é malvado, dá para ver que muitos dos cachorros chegam lá cortados com facão - lamenta.
Ansioso pelo Natal
- Sou Papai Noel porque acredito que essa energia preenche a minha alma. Espero ansioso pela chegada do Natal - diz Dumcke.
Para ele, os sorrisos das crianças são verdadeiros, francos. Mas também fica feliz quando consegue provocar alegria nos adultos, já que acredita ser mais difícil.
No final do dia, o Papai Noel fica esgotado fisicamente, mas sente que está valendo a pena.
Depois que Dumcke sai do shopping, por volta das 19h, ainda vai até a Raffinata para andar de trenó pelos bairros de Caxias e distribuir balas. As crianças correm para tirar fotos.
- É emocionante e alegre ao mesmo tempo, já que as músicas natalinas tocadas durante o trajeto têm ritmos de pagode, samba, sertanejo, entre outras - conclui.