Uma história de amor e fidelidade. É assim que pode ser definida a ligação entre a cachorra Pérola e os estudantes e funcionários do Campus 8 da Universidade de Caxias do Sul. Nos seis anos que viveu na instituição, perambulando pelos espaços do campus e no estacionamento, Pérola conquistou a todos com seu carisma e companheirismo. Mas, há cerca de um mês, a longa amizade foi interrompida por uma fatalidade: a mascote foi atropelada e não resistiu aos ferimentos.
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Esta poderia ser apenas mais uma história com final triste, não fosse a sensibilidade de alunos de Artes Visuais que decidiram homenageá-la com uma escultura quase em tamanho real.
Emocionados com a perda da fiel companheira, alunos da disciplina Escultura I resolveram pôr a mão na massa para que a fidelidade da cachorra não fosse esquecida. Com a orientação da professora Mayta Fernanda Pasa, eles construíram uma escultura quase idêntica à mascote.
Durante o intervalo das aulas, o corpo de Pérola foi ganhando forma na argila marrom com a ajuda de seis alunos. O trabalho foi dividido entre os estudantes - enquanto uns ajudavam na modelagem outros se dedicavam à pintura. Além da argila, os artistas usaram uma substância chamada poliuretano, tinta acrílica e madeira em MDF (que sustenta a estrutura de 65 centímetros e 28 kg).
- A Pérola era muito querida por todos. Era muito dócil e tinha uma cara de pidona irresistível. É muito bom saber que a perda da nossa velhinha não passará em branco- afirma a estudante Mel Gonçalves, 21, que esteve à frente da construção e pintura da imagem.
Depois de três semanas de trabalho voluntário, a Pérola moldada pelas mãos dos alunos finalmente está pronta para ser colocada em um lugar especial do Campus 8. O espaço ainda não foi definido. Possivelmente, será na parte de fora do prédio, onde a mascote passava maior parte do tempo.
- O resultado ficou muito bom - avalia a professora Mayta.
Companheira para todas as horas
Pérola chegou ao Campus 8, localizado na RS-122 entre Caxias do Sul e Farroupilha, em 2009, da mesma forma que muitos animais aparecem por lá: carregando a tristeza de um possível abandono.
- Nos primeiros dias, mostrou-se arisca, sem dar muita confiança para ninguém - conta a secretária e voluntária Fernanda Prado.
Não demorou muito para fazer amizade com todos que circulam por ali. Nos intervalos das aulas, os estudantes não hesitavam em dividir o lanche e os bancos com a mascote. Os petiscos fora de horário e a ração de boa qualidade foram os responsáveis por Pérola ganhar mais de 30 kg.
- Pérola tornou-se parte do campus. Ela não tinha um dono só, todos cuidavam dela. Quando ela morreu, ficou um vazio muito grande - lamenta Fernanda.
A compra de alimentação, tratamento veterinário e até roupinhas era dividido entre professores e funcionários. Pérola também tinha uma casinha que ficava próxima à guarita dos vigilantes. Aliás, além de companheira, a mascote também era uma ótima guardinha.
À noite, quando os alunos deixavam a universidade, Pérola acompanhava os vigilantes na ronda.
- Ela chamava a gente para fazer ronda, ela saía na frente e ia mostrando onde que tinha que ir - relembra o vigilante Luciano da Silva Silva.
Mascote
Alunos do Campus 8 da UCS criam escultura para homenagear cachorra atropelada
Pérola viveu durante seis anos no estacionamento da universidade
Alana Fernandes
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