Acaso alguém tinha alguma dúvida de que o Crema Serra trancaria e as obras das principais estradas da região parariam? Se alguém tinha alguma dúvida a respeito do desfecho dessa parceria do governo do Estado com a iniciativa privada, agora é a hora de acordar para constatar que tudo não passou de balão de ensaio.
Acordar agora, permitam os 17 leitores, é acordar demasiado tarde.
A largada da concessão das obras das estradas ficou marcada pelo fiasco: não houve interessados, vencedores da licitação desapareceram, somente uma empresa assumiu os trechos licitados, três dos principais fatores que desmentiram por dois anos as manchetes incubadas pelo governo Tarso e engolidas pela imprensa e divulgadas à população e que agora.
Agora o governo Sartori não pagou a empreiteira e o Crema parou. O que já era mais que claudicante e duvidoso agora parou de vez. Alguém irá dizer que é preferível não pagar empreiteiras do que não pagar funcionários públicos.
De fato, é, mas.
Mas ao não pagar funcionários e não cumprir contratos o governo precisa, de sua parte, mostrar estar internamente empenhado em poupar, e esse sinais estão bem longe de serem visíveis.
Ao não pagar uns trocados contratados com empreiteiras, o governo mostra, por mais outro viés, o tamanho da crise.
Um ponto que chama atenção no discurso governamental é a defesa de aumentar o ICMS não por dois, quatro ou cinco anos. A proposta é elevar o ICMS definitivamente, sem recuos. O argumento: aumentar o ICMS com prazo de validade seria inócuo, irrelevante, incapaz de trazer o RS de volta aos trilhos.
Será, porém, que concomitantemente aos quatro anos de ICMs reajustado não daria para reduzir valendo os custos do próprio governo e, nesse período, obter ganhos reais?
O curso do governo Sartori segue sendo a mesma incógnita (não) revelada na campanha eleitoral.
Aonde isso vai dar?
Tomara que ele saiba.
Opinião
Gilberto Blume: o curso do governo Sartori segue a mesma incógnita da campanha
A largada da concessão das obras das estradas ficou marcada pelo fiasco
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