Os resultados do Enem 2014 divulgados na semana passada revelaram um dado preocupante, mas de forma alguma surpreendente: 45% dos estudantes do ensino médio obtiveram nota zero na redação. De novo: 45% por cento tiraram zero na redação.
É preocupante, mas não é surpreendente.
A educação desliza velozmente ladeira abaixo, portanto, não se poderia esperar melhor performance dos alunos, as vítimas desse crime cometido contra o cidadão jovem nas escolas, nos lares, nas ruas, na falta de opções culturais, esportivas.
A regra, desavergonhadamente, é instituir a burrice. O que os esquerdistas dos 1970 chamavam de sistema que formava alienados hoje se dá naturalmente, sem reclames, sem caso, barulho, nada.
Ou seja, eles de fato conseguiram nos transformar numa manada ingênua, burra, analfabeta.
Bom balizador desse desastroso resultado do Enem está visível na internet para quem quiser ver, notadamente nas redes sociais (sociais?).
Ali pouca gente sabe escrever, pouca gente compreende o que lê, pouca gente consegue interpretar o que lê.
O resultado é uma enxurrada inesgotável de reações, brigas, bate-bocas, impropérios, mal entendidos, incompreensões. O que se comete nas redes sociais são tentativas de comunicação mal escritas, sem pé nem cabeça, quase hieróglifos ininteligíveis.
Obviamente, a internet é rica ferramenta para qualquer um opinar, sugerir, criticar, replicar, somar. Mas é preciso que se faça isso sistematicamente, com método, lógica e alguma pontuação correta.
Os estudantes do ensino médio não sabem escrever?
Grande parte deles, não.
Grande parte deles também não sabe ler, quiçá interpretar as letras e números que os adultos insistem em enfiar-lhes goela abaixo.
Quarenta e cinco por cento de redações nota zero é uma calamidade, nada menos.
Opinião
Gilberto Blume: quarenta e cinco por cento de notas zero na redação do Enem é uma calamidade, nada menos
A educação desliza velozmente ladeira abaixo
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