A maravilhosa internet se mostra daninha em diversos aspectos. Não bastasse a enxurrada de bobagens a que somos submetidos sem trégua, a indispensável rede também proporciona que quadrilheiros ganhem dinheiro escarafunchando a intimidade alheia.
O site "Tudo sobre Todos" vende informações sobre cidadãos brasileiros como se oferecesse CDs piratas na Avenida Júlio. Pior, ninguém faz nada.
Eu e você, leitor, estamos sofrendo uma devassa.
Em resumo, o esquema funciona mais ou menos assim:
O site reúne informações sobre os cidadãos e disponibiliza-os para quem quiser. O site oferece desde seu CPF e seu CEP até o nome dos seus vizinhos. Pasmem, tem até mapa de onde você mora! A cada nova informação solicitada (como seu endereço, por exemplo), o site cobra uma taxa. Cada clique, pois, é cobrado. Sediado numa ilha fiscal, o site ganha dinheiro pingando informações sobre qualquer um de nós.
Os interessados em conhecer sua vida não são identificados. Ou seja, você pode ter a vida radiografada sem jamais saber quem tem interesse em você.
Experimente digitar seu nome completo no site e veja com seus próprios olhos o que estão fazendo com a sua (ex) privacidade.
Juro, o resultado é uma das experiências mais desagradáveis que a Internet já me proporcionou.
Os especialistas em direito são unânimes em classificar como criminoso o modus operandi do site. Entre considerar o site criminoso e alguém tomar alguma providência há um mundo a percorrer, porém.
Espero morder a língua bem forte, mas não esperemos que a Justiça brasileira saia da toca do conforto e adote medidas contra o Tudo sobre Todos.
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Estava escrito, era questão de tempo: a Lava-Jato na Petrobras era apenas a ponta do iceberg. Outras estatais também começam a ser suspeitas de corrupção. O tombo será grande. Sem exageros, o Brasil corre o risco de paralisar, mas é o preço que estamos condenados a pagar para ter um país minimamente decente para nos orgulhar.
Opinião
Gilberto Blume: entre considerar o site criminoso e alguém tomar alguma providência há um mundo a percorrer
Não esperemos que a Justiça brasileira saia da toca do conforto e adote medidas contra o Tudo sobre Todos
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