Em junho, Caxias do Sul quebrou o recorde histórico de desemprego com 1.650 postos de trabalho a menos. O número é maior que a soma dos cinco primeiros meses e reflete na realidade da agência local do Sistema Nacional do Emprego (Sine): hoje o número de solicitações de seguro-desemprego é o dobro da média de entrevistas para novas vagas.
Segundo o coordenador do Sine, Max Mota Rodrigues, na comparação com junho, julho teve 23% mais pessoas buscando um emprego. No mesmo período, os pedidos de seguro-desemprego subiram 30%. São atendidos diariamente entre 150 e 180 solicitações de seguro contra apenas 80 a 90 encaminhamentos a entrevistas.
- Só não está pior que em 2009. A gente teve que reverter o nosso papel. Gostaríamos de encaminhar mais pessoas para novas vagas do que para seguro-desemprego - afirma Rodrigues.
A técnica em enfermagem Michele Comandulli e o auxiliar de depósito Anderson dos Santos ajudam a engordar a estatística. Ambos foram demitidos em junho pelo mesmo motivo: corte de custos. Na empresa onde Santos trabalhava, três de cinco turnos de trabalho foram fechados.
- Estou entregando currículo em qualquer lugar, até pra secretária - admite Michele, disposta a aceitar um emprego fora de sua área de formação para não ficar sem renda.
A auxiliar de limpeza Sueli Pereira da Conceição, de 54 anos, foi demitida em janeiro de uma indústria de autopeças. Desde então, sua rotina tem sido entregar currículos e buscar vagas em agências de emprego.
- Tem meu marido, mas o salário dele também não é muito. A gente sai, caminha, mas nem limpeza a gente acha mais - desabafa.
Crise econômica
Enquanto demissões aumentam, cai número de vagas no Sine de Caxias do Sul
Agência atende por dia 150 a 180 pedidos de seguro-desemprego, contra 80 a 90 encaminhamentos para entrevistas
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