Os governos estadual e federal que tomam posse não inspiram expectativa alguma de que a condução da coisa pública sofrerá alterações para melhor. Por mais que tentemos ser otimistas e respeitosos, afinal Sartori e Dilma carregam o voto das maiorias, é evidente que o retrato armado no Piratini e no Planalto é cópia xerox de governos que já tiveram a oportunidade de, mas que.
O pessimismo se ancora numa constatação chã: tanto Sartori quando Dilma preencheram grande parte de seus primeiros escalões com políticos, não com técnicos. Os discursos de campanha ruíram às vésperas das posses. Até a eleição, os discursos eram generosos em promessas de que os principais setores seriam comandados por gente que conhece o riscado. Até outubro, era fundamental contratar especialistas para administrar os cofres vazios do Estado e da União.
A maioria de nós caiu igual patinho: acreditamos, de novo, que os eleitos tratariam a coisa pública com a seriedade que tanto desejamos.
De novo não foi desta vez.
O que se vê são secretarias estaduais e ministérios loteados entre políticos para beneficiar partidos, para fazer andar a fila na Assembleia e no Congresso, para pavimentar o caminho da próxima eleição. Atentem que ainda nem está aberta a temporada de nomeações no segundo escalão, aquele imenso cabideiro de subs, vices, ex, prés, todos quase.
O joguinho do poder permanece inalterado, pois.
Dilma tem 39 (trinta e nove) ministérios orbitando em torno da Presidência. Aposto que ela nem sabe de cor o nome de todos os ministros, a maioria indicada pelos partidos que a mantêm viva. Sartori reduziu as secretarias, é capaz até de listar todos os secretários, mas o critério estadual segue a cartilha federal: a maioria dos secretários foi definida para satisfazer os partidos da imensa coligação que elegeu Sartori.
Não é preciso ser profeta para antever que os próximos quatro anos serão longos, arrastados, de pouquíssimos avanços.
A saúde, a educação, a segurança e a infraestrutura, nossos principais nós, seguem entregues aos políticos, categoria que, além de não entender patavina do riscado, ainda está com o currículo mais sujo do que pau de galinheiro.
Que 2018 chegue logo...
Opinião
Gilberto Blume: Não é preciso ser profeta para antever que os próximos quatro anos serão longos, de pouco avanço
Acreditamos, de novo, que os eleitos tratariam a coisa pública com a seriedade que tanto desejamos
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