O monomotor modelo Dynamic WT-9, que caiu na tarde deste domingo em Veranópolis e acabou vitimando o piloto e empresário João Zatt, de 61 anos, é classificado pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) como experimental. O termo aeronave experimental vem ganhando destaque na aviação nacional há cerca de três anos e se difere das demais por ser usada apenas para atividades desportivas, não podendo ser utilizada para fins comerciais.
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Financeiramente, se tornou uma opção mais acessível para voos particulares. De acordo com o empresário e piloto da aviação experimental, Luís Carlos Fagundes Filho, 30 anos, culturalmente, quando se fala em ultraleves, existe um conceito pré-definido de que por ser de porte pequeno, o avião se torna mais perigoso.
- Precisamos mudar esse pensamento. O avião experimental funciona muito bem e é muito seguro. Em períodos anuais, você é obrigado a emitir um Relatório de Inspeções Anual (RIA) onde um engenheiro aeronáutico faz uma vistoria na aeronave. Além disso, você é obrigado a fazer um seguro do avião e, para consegui-lo, a Anac exige o RIA, independentemente da manutenção que é feita periodicamente - explica.
Além da vítima fatal, estava no avião Marcelo Girardi Censi, 36, que se recupera das lesões no Hospital Comunitário São Peregrino Lazziozi. Censi está tirando habilitação para pilotar monomotores e foi convidado por Zatt para passear pela cidade no domingo. De acordo com Fagundes, aviões de médio a pequeno porte não exigem a presença de dois pilotos, que é obrigatória apenas na aviação comercial por questões de segurança.
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Segundo Fagundes, para pilotar um avião experimental, é necessário ter brevê de Piloto Desportivo, que exige um número menor de horas de voo em comparação com a carga horária exigida para pilotos comerciais. Mas o certificado de capacidade física é o mesmo para ambos.
- É um tipo de aviação que cresce bastante e com segurança, prometendo, inclusive, acabar com os acidentes. Acredito que tragédias só serão causadas por imprudência ou falta de manutenção - analisa o piloto.
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Atualmente, Fagundes é vice tesoureiro do Aeroclube de Caxias do Sul e, juntamente com outros sócios, está criando uma área específica no local para explicar os benefícios da aviação experimental. O projeto terá o objetivo de mudar o conceito de que uma aeronave experimental é considerada perigosa.
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