Ok, ok, todos já se manifestaram a respeito, mas é de caso pensado que só agora dou pitaco.
Explico.
A entrevista que a gremista Patricia Moreira da Silva concedeu na sexta, seguida do arremate do advogado dela, Alexandre Rossato, são daquelas declarações que precisam ser escarafunchadas, exauridas, debatidas. A gremista e o advogado emitiram declarações que devem ser repisadas porque corremos o risco de as justificativas furadas se tornarem verdadeiras, de ocuparem o lugar dos fatos.
Ela disse:
- Perdão de coração, eu não sou racista. Aquela palavra macaco não foi racismo, foi no calor do jogo. O Grêmio estava perdendo, o Grêmio é minha paixão. Eu largava tudo para ir ao jogo do Grêmio. Peço desculpas ao Grêmio, à nação tricolor, eu não queria prejudicar o Grêmio. Eu amo o Grêmio. Desculpas, perdão, perdão, perdão mesmo.
Ele disse:
- Macaco, no contexto dentro do jogo de futebol, não se torna racista, ainda mais com a intenção que existiu. Isso se torna um xingamento no mundo do futebol.
Ahã.
Patricia e Alexandre tentam justificar um crime invocando circunstâncias, contextos.
Se a moda pega logo, logo estuprador voltará a ser inocentado porque alegará que a vítima provocou-o exibindo pernas e peitos.
Coisa de contexto.
Não faz muito era assim. Craqueiro bandido também será liberado para assaltar porque o contexto bláblábláblábláblá?
A punição engendrada ao Grêmio foi exemplar.
A torcedora deve ter punição igualmente exemplar.
Perguntinha básica à torcedora: fosse o goleiro do Santos branco, ela igualmente o chamaria de macaco porque o xingamento "faz parte do mundo do futebol"?
Prometo não tocar mais nesse assunto, exceto se a guria for inocentada.
***
Ontem celebramos mais um Dia da Independência. Nunca é demais reforçar que nossa independência seguirá sendo apenas parcial enquanto dissermos amém à cartilha da impunidade. Seja nos estádios, seja nos gabinetes, seja nas ruas, é preciso haver Justiça.
Opinião
Gilberto Blume: entrevista da gremista Patricia Moreira da Silva precisa ser escarafunchada
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